Mercado

Perdas agrícolas devem passar de US$ 2 bi

O setor agrícola americano projeta perdas de mais de US$ 2 bilhões em decorrência dos prejuízos causados pelo furacão Katrina. O impacto dos ventos destruiu granjas e lavouras de cana-de-açúcar e algodão. “[Essas perdas] podem ser a ponta de um iceberg”, disse Terry Francl, economista do Birô Agrícola, uma das principais organizações de produtores rurais dos EUA.

De acordo com a instituição, as estimativas conservadoras calculam, pelo menos, perdas em torno de US$ 1 bilhão só com mortes de rebanhos e devastação das lavouras. Custos indiretos, como aumento dos valores do frete e alta dos preços dos combustíveis, também podem ter um custo adicional de US$ 1 bilhão.

Outra preocupação dos representantes agrícolas é a elevação dos preços dos alimentos por causa da elevação dos preços de energia. “Esses preços já estavam altos anteriormente e, certamente, o furacão vai realçar o problema”, afirmou Francl.

Em relatório divulgado ontem para seus investidores, o banco Merrill Lynch fez uma lista dos dez principais itens que podem ter desdobramentos na macroeconomia dos EUA. No topo da lista está o reflexo do Katrina na produção agrícola americana. Hoje o Estado da Louisiana, bastante atingido pelo furacão, é responsável por 40% da produção de alimentos do país. “É preciso ter em mente que [o setor] de alimentos representa 15% de participação no consumo [dos EUA], contra 5% [do setor] de energia”, diz trecho do relatório do banco.

A produção de açúcar na Louisiana também mereceu a atenção do banco. O Estado contribui com aproximadamente 15% da produção norte-americana.

Em relação à criação de frangos, o Estado do Mississippi responde por 10% da produção nacional. Apesar de lamentar a destruição de inúmeras granjas, Francl avalia que os preços das aves deve permanecer estável, pois antes de o furacão atingir a região já havia ocorrido um acréscimo importante da criação de frangos em outros Estados americanos.

Café

No tocante à cafeicultura, entretanto, o cenário é bem menos alentador. No relatório, o Merrill Lynch revela que Nova Orleans detém um quarto do estoque de café do país. Além disso, a cidade abriga o principal porto de escoamento de café, o principal local de estocagem e, também, o principal centro de torrefação. A passagem do furacão, contudo, pode ter destruído 1,5 milhão de sacas estocadas. Com isso, os preços do grão no mercado têm sido impulsionados fortemente, beneficiando os países exportadores da commodity.

Na avaliação de Gabriel Silva, líder da Federação Nacional de Café da Colômbia, o mercado considerou os grãos que estavam estocados em Nova Orleans impróprios para a comercialização. Esse movimento fez com que a cotação da commodity sofresse uma valorização acumulada na semana de 9,11% em Nova York.

Silva disse ainda que a combinação de uma produção global de café com as inundações nos EUA pode resultar em uma expansão de US$ 1,6 bilhão a US$ 1,7 bilhão, em relação a 2004, nas vendas externas da Colômbia, um dos maiores concorrentes do Brasil no mercado mundial.

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