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Para a SRB, o quadro agrícola continua ruim

A média diária da importação de fertilizantes registrou nas primeiras duas semanas de agosto um crescimento de 130% sobre julho, segundo dados da Secex. Isso significa que a próxima safra agrícola será maior e melhor? Não, responde João Sampaio Filho, presidente da Sociedade Rural Brasileira. Isso significa que em julho ninguém comprou fertilizantes porque não tinha renegociado a dívida e simplesmente não pretendia mais plantar. Em agosto, com a renegociação voltaram a ter fôlego e resolveram contratar adubos. Para se chegar a esse crescimento, partiu-se de uma base de comparação muito pequena, explica.

Segundo Sampaio, a expectativa é que para a nova safra haja um aumento da área plantada de cana, seringueira, eucalipto e feijão. Por outro lado, está praticamente certo que vai haver uma redução para lá de significativa da área de soja, algodão, milho, trigo, arroz, as maiores culturas brasileiras. E será a soja plantada nos Estados de Mato Grosso e Paraná, a que sofrerá maior impacto por conta do alto custo de produção e logística.

Em 2004/2005, os agricultores brasileiros plantaram com o dólar a R$ 3,20 e colheram a R$ 2,60. Nesta safra, a plantação foi feita com a moeda americana em R$ 2,60. Acabaram a colheita com o dólar a R$ 2,20. Na safra de 2006/2007, acreditamos que o dólar não vai oscilar entre plantação e colheita, mas, com as margens no nível em que estão, plantar soja em Estados como Mato Grosso, onde os insumos e o frete são muito elevados, vai ficar inviável.

Portanto, os prognósticos não são bons. Rezo para que a safra seja melhor que a deste ano, mas tenho dúvidas, ressalta Sampaio. E a renegociação da dívida, não ajudou? Ela chegou tarde, mas está funcionando para algo como 20% dos agricultores, que estavam razoavelmente capitalizados e menos endividados. Ajudou outros 50% a voltarem para o mercado. Mas ainda há 30% que não conseguiram se equilibrar e continuam em situação crítica.

Pelo quadro traçado por João Sampaio, nem se São Pedro ajudar a agricultura vai deslanchar novamente.

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