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País quer 80% de energia renovável

A Alemanha quer ser a primeira nação industrializada a passar da era nuclear para a “energia verde”. Nos últimos dez anos, o percentual de fontes renováveis na geração de eletricidade cresceu de 5% para 17%. Até 2020, pouco antes de todas as usinas nucleares serem desativadas, a meta do país é alcançar 35% em fontes renováveis. Para 2050, o objetivo é chegar a 80% de energia verde. É um índice que hoje o Brasil já tem, devido à produção de energia hidrelétrica, mas que é considerado bastante ambicioso para um país dependente da energia nuclear e do petróleo.

A Alemanha ocupa hoje a primeira posição mundial em geração fotovoltaica e a terceira, em eólica. A energia dos ventos é a que mais vai crescer no país. De apenas 7%, essa fonte alcançará 53% da matriz em 2050, sendo 32% em offshore (com torres em alto mar) e 21% onshore. Em seguida, vem a energia fotovoltaica que de 2% vai subir para 13%. A participação de biomassa, hidrelétrica e geotérmica também vai dobrar de 9% para 18%. Com isso, o país calcula reduzir em 25% as emissões de CO2 na geração de eletricidade e em 50%, no consumo de energia em geral.

De acordo com Úrsula Eicker, especialista em construções sustentáveis e professora da Universidade de Ciências Aplicadas de Sttutgart, medidas adotadas pelo país, muito antes da decisão de desativar as nucleares, vão contribuir para o atendimento da meta. O pagamento de uma tarifa ecológica para quem produz sua energia de forma sustentável, iniciado na década de 90, tornou o uso dessas fontes atraente. No caso da energia fotovoltaica, por cada kWh é pago cerca de 0,30 de euro para residências e 0,10 de euro, para indústrias. Neste ano, o país criou uma lei que obriga novos prédios a instalarem placas fotovoltaicas para a geração de 15% do consumo da energia para aquecimento de água e calefação. Se o prédio utilizar biogás, o percentual sobe para 30%. E se usar biomassa (com restos de madeira), 50%. O consumo de energia para estas finalidades correspondem a 80% do consumo em edifícios antigos e 30%, nas construções novas.

Para a pesquisadora do Instituto Fraunhoufer, Brisa Ortiz, que desenvolve projetos de instalação de placas solares em comunidades latioamericanas (inclusive, na Região Norte do Brasil), é preciso observar que a energia solar demanda um investimento alto no início, mas que depois é amortizado. “Em um projeto no México para uma comunidade com 100 residências, o custo da energia caiu de 0,48 para 0,25 euros”, diz ela. Vale ressaltar, que todas as outras fontes, especialmente as de combustíveis fósseis, sofrem reajuste. Já a energia do solar depois se torna gratuita. “Os recursos naturais irão acabar. Temos que investir nas fontes renováveis enquanto ainda são uma alternativa e não uma necessidade”, conclui Eicker.

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