Mercado

Ouro Verde investe R$ 300 mi em locação veicular e mira IPO

A paranaense Ouro Verde, do ramo de logística e aluguel de veículos e equipamentos pretende investir R$ 350 milhões este ano, dos quais R$ 300 milhões para sua atividade de locação de carros leves, máquinas e aparelhos industriais. O grupo se prepara para abrir seu capital na BM&F Bovespa, tanto que contratou Fernando Xavier Ferreira, ex-presidente da Telefônica, para seu conselho de administração. A intenção é ter um membro independente para ajudar a direcionar estratégias e, no segundo semestre de 2012, lançar ações no mercado. Desde 2008, a Ouro Verde leva adiante uma reestruturação interna que visa aumentar sua geração de caixa e ampliar sua receita total.

Ano passado, a empresa estima ter atingido R$ 517 milhões, o que representou um crescimento de 25% sobre 2009. A margem Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) no período foi de 44%, totalizando R$ 196 milhões e resultando em um lucro líquido de R$ 10 milhões. “Conseguimos isto com os investimentos que realizamos. Em 2010 foram aplicados R$ 352 milhões. Se somarmos o valor que já havíamos investido em 2009, supera-se a marca de meio bilhão de reais”, destaca Karlis Kruklis, superintendente da Ouro Verde.

“As operações de logística e armazenagem têm se beneficiado do bom momento da economia nacional. Já a locação de veículos e equipamentos é uma tendência hoje seguida por muitas empresas, que buscam focar investimentos em sua atividade fim e, para tanto alugam de terceiros grande parte da maquinaria de que precisam”, comenta.

Unidades

O grupo Ouro Verde surgiu em 1973, está sediado em Curitiba (PR) e possui três unidades de negócios: Logística, Locação e Armazenagem. Na primeira, trabalha com logística tradicional rodoviária, logística sucroalcooleira (condução de cana-de-açúcar para as usinas) e logística ambiental – nesta, é responsável pelo transporte do lixo na cidade do Rio de Janeiro.

Sua segunda unidade volta-se para a locação de carros leves, bem como máquinas e equipamentos, tanto para o setor sucroalcooleiro quanto para a construção pesada e infraestrutura. Por fim, sua terceira unidade foca-se em armazéns de carga frigorífica e carga geral. Os silos da Ouro Verde estão situados nas cidades de Paranaguá, Ponta Grossa (ambas no Paraná) e Itajaí (Santa Catarina).

A empresa está construindo atualmente uma nova instalação do tipo no Porto do Rio Grande (RS), para que tenha operações de armazenagem em todo o Sul do Brasil. A companhia espera crescer 15% em 2011. “Na verdade, nossos investimentos levarão o faturamento a se expandir neste ano cerca de 25%; todavia, como decidimos encerrar nossas operações de transporte de gases e produtos químico/líquido, haverá uma redução de cerca de R$ 65 milhões na receita. Desta forma, o crescimento final da Ouro Verde ficará em torno de 15%”, explica Kruklis.

Perspectivas

O executivo está confiante em relação à companhia e ao setor de logística como um todo: “Penso que a economia brasileira passa por um bom momento, embora o risco de inflação tenha de ser combatido. Uma vez que a Ouro Verde tem uma carteira muito diversificada de clientes, nossas perspectivas para os próximos anos são bastante otimistas”.

“No segmento de Logística temos registrado forte crescimento nas áreas de alimentos, bebidas, papel e celulose. Acreditamos que tal movimento ascendente permaneça em 2011. Já em Locação, esperamos expansão expressiva em aluguel de equipamentos, tanto para o segmento sucroalcooleiro (que passa por forte profissionalização, abrindo grandes oportunidade para a atividade) quanto para a construção pesada e de infraestrutura (devido à Copa e às Olimpíadas)”.

Quanto à Armazenagem, o diretor da Ouro Verde observa que os produtos alimentícios in natura devem continuar como os principais fregueses dos galpões frigorificados da Ouro Verde.

Mas Kruklis está preocupado com o custeio do setor onde sua empresa atua: “Para a saúde da logística brasileira, é indispensável a manutenção de linhas de financiamento adequadas”. Ele lembra que, no segundo semestre de 2009, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou uma oferta de crédito para a compra de equipamentos (tanto rodoviários quanto agrícolas) chamada de Finame PSI.

Por se tratar de um financiamento longo (5 a 8 anos) e a um custo acessível (a partir de 4,5% ao ano), o setor de logística e locação expandiu-se fortemente apoiado na mesma. “Espero que este financiamento seja mantido pelo novo governo, mas todo o setor está preocupado com os rumores de que o BNDES planeja mudanças na linha, aumentando o custo da mesma”, alerta ele.

Banner Revistas Mobile