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O papel do etanol na descarbonização: uma contribuição sustentável do Brasil para o mundo

Confira artigo de Felipe Mendes, diretor de Sustentabilidade, Relações Institucionais e Novos Negóciosnegócios da Tereos

O papel do etanol na descarbonização: uma contribuição sustentável do Brasil para o mundo

Com a crescente discussão sobre o avanço das mudanças climáticas, assim como a necessidade de ações concretas para mitigar seus efeitos, os biocombustíveis desempenham um papel crucial na descarbonização da matriz energética global. Nesse cenário, o etanol se destaca como o principal protagonista, com sua produção a partir de matérias-primas agrícolas como a cana-de-açúcar, por exemplo.

O etanol pode ser até 90% menos poluente quando comparado à gasolina. Esse benefício ambiental foi potencializado pela popularização dos veículos flex ao longo dos últimos 20 anos, que ampliaram o consumo do biocombustível pelos brasileiros e hoje representam 85% da frota de veículos leves no Brasil. Desde o início dos anos 2000, o consumo de etanol evitou a emissão de cerca de 600 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, o que seria equivalente a plantar mais de 4 bilhões de árvores, uma área próxima a 18 vezes a cidade de São Paulo.

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De acordo com recente relatório publicado pela consultoria Oliver Wyman, o Brasil é o segundo maior produtor global de biocombustíveis, com quase 1/4 de participação de mercado. O estudo também mostra que incentivar a produção de biocombustíveis deverá ser uma das principais formas para acelerar a descarbonização do Brasil. A estimativa é de que o aumento da produção de etanol, biodiesel, diesel verde, combustível sustentável de aviação (SAF) e biometano possa reduzir entre 27 milhões e 71 milhões de toneladas a emissão de CO2 até 2030.

A criação e implementação de políticas públicas, como o RenovaBio e o recente anunciado programa “Combustível do Futuro”, tem papel fundamental na estratégia de descarbonização das companhias ao impulsionar a produção de biocombustíveis e a adoção de práticas eficientes e ambientalmente responsáveis. Atualmente, a Tereos conta com a melhor nota média de eficiência energética dentro do programa RenovaBio em comparação a outros grandes grupos do setor sucroenergético, o que reforça nosso compromisso com uma baixa pegada de carbono dentro do processo produtivo.

O etanol brasileiro também tem ganhado participação em mercados internacionais relevantes, reforçando a atuação cada vez mais sustentável do setor e sua menor intensidade de carbono. No caso da Tereos, contamos com as certificações CARB e Bonsucro EU RED, que nos permitem acessar os mercados da Califórnia e Europa, respectivamente, além do nosso acesso usual aos mercados da Coreia do Sul e Japão.

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Outra frente de negócio com um enorme potencial de descarbonização no setor sucroenergético é a produção de biogás e biometano. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a produção de biogás pode alcançar 35 bilhões de m³ e a de biometano, 19 bilhões de m³ até 2032, usando biomassa residual da cana como vinhaça, torta de filtro e palha. A Tereos também está nesse mercado e investiu em uma planta piloto de biogás, com potencial produção de biometano a frente. A operação da planta foi iniciada na safra passada e, até a safra 29/30, planejamos atingir 100% da frota canavieira abastecida por biometano, o que deve gerar uma redução de 80% na emissão de CO2 frente a cada litro de diesel consumido.

Apesar dos avanços e das diversas oportunidades em bioenergia, persistem desafios e barreiras que limitam uma maior utilização dessas fontes de energia renovável, por exemplo as infraestruturas de abastecimento, a interferência governamental na política de preços dos combustíveis, carência de avanços tecnológicos considerando o uso dos biocombustíveis e o uso ainda intensivo de combustíveis fósseis por grandes potências mundiais, entre outros.

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Diante da urgência mundial na transição para uma matriz energética mais sustentável, os biocombustíveis emergem como protagonistas indispensáveis na descarbonização global e o Brasil se depara com uma oportunidade significativa. A cooperação do Brasil com o governo indiano para adoção e fortalecimento do programa de mistura de etanol na gasolina, que em cinco anos aumentou de 2% para 15% em escala nacional, é um sólido exemplo do papel do Brasil na promoção dos biocombustíveis. O compromisso com a sustentabilidade, evidenciado por práticas agrícolas responsáveis, avanços tecnológicos e certificações ambientais, coloca o país e o setor sucroenergético em uma posição estratégica para tornar os biocombustíveis cada vez mais agentes da descarbonização no mundo.

Felipe Mendes é diretor de Sustentabilidade, Relações Institucionais e Novos Negócios

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