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O país da energia do futuro

A conferência sobre biocombustíveis e educação ambiental – organizada pelo Jornal do Brasil e pela Casa Brasil na semana passada – mostrou que o país tem uma oportunidade extraordinária de assumir, em pouco tempo, a condição de potência graças aos combustíveis renováveis. O quadro é extremamente favorável. Com os investimentos feitos ao longo de décadas, o Brasil ocupa hoje uma posição de vanguarda no setor energético. Ainda que precise enfrentar certos desafios diante dos pesados interesses – voltados para a manutenção do antigo regime de produção ou para a construção do novo –, o país está no caminho correto para atender ao padrão de consumo que o século 21 exigirá.

Neste jogo, em que se combinam uma corrida para o futuro e um complexo cabo de guerra na geopolítica mundial, o Brasil é um exemplo para as outras economias do mundo, que ainda não fizeram – e, em alguns casos, es! tão longe de fazer – a transição para o modelo energético dos novos tempos.

Enquanto muitos países desenvolvidos não dispõem da tecnologia e dos recursos naturais necessários à produção de energia renovável em larga escala, o Brasil, com a hidroeletricidade e o etanol, possui uma matriz energética que o distingue no cenário internacional. Cerca de 46% da energia brasileira são de fontes renováveis, um percentual sete vezes maior que a média dos países ricos da OCDE.

O Brasil já deu largos passos para consolidar uma matriz energética limpa, ambientalmente sustentável e economicamente poderosa, com grande potencial de expansão. Para se atender à demanda de etanol prevista para 2017, por exemplo, seriam necessários apenas 2,56% da área agricultável do país.

As conclusões otimistas, no entanto, devem ser ressalvadas pela necessidade de superação de uma série de obstáculos. A condição de potência energética não está dada. Precisa ser conquistada. O mundo ainda co! nsome energia de acordo com um padrão do século 20. Carvão, petróleo e derivados são responsáveis por 80% do total consumido no planeta.

A modificação desse padrão de consumo impõe-se como pré-requisito para as pretensões brasileiras de aproveitar seu potencial energético e gerar divisas. O comércio internacional do etanol ainda é reduzido. As barreiras tarifárias e não tarifárias impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia são enormes obstáculos à exportação do etanol brasileiro. Os americanos têm uma dupla preocupação: proteger internamente seus produtores e garantir suas exportações. Junto com o Brasil, os Estados Unidos respondem por 80% da produção mundial de etanol. Já os europeus têm como objetivo recuperar o tempo perdido por meio de uma série de incentivos e financiamentos para estimular a produção própria.

Ainda assim, a competitividade do etanol brasileiro é evidente. Além de ser mais rentável, ele é capaz de reduzir em 90% a emissão de gases de ef! eito estufa – redução que, no biocombustível europeu, fica entre 35% e 50%.

São números promissores. Mas que não garantem a posição de destaque que o Brasil, com muito esforço, conquistou e ocupa atualmente. Largamos na frente. Mas a disputa energética do século 21 ainda está no começo.

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