Mercado

O impasse no mercado de etanol

O setor sucroenergético está vivendo um momento de grande dualidade. Se de um lado temos uma perspectiva extremamente positiva para a demanda de açúcar, biocombustíveis e bioeletricidade puxada pelo aumento do consumo proveniente do crescimento populacional, pela melhoria na distribuição de renda, pela tão aguardada notícia de que os Estados Unidos isentaram o etanol brasileiro da tarifa de importação, de outro o setor depara com uma incapacidade de atender a toda essa demanda devido às crises e aos problemas que vêm castigando o setor desde 2008.

Crises essas de diferentes origens que abrangem desde a natureza financeira, com endividamentos paralisantes, natureza climática, com alternância de excesso de chuvas, secas e geadas, e até mesmo de natureza institucional, com políticas públicas divergentes, que estimulam a expansão de um lado e a coíbem de outro.

Assim, presenciamos um final da safra 2011/12 com uma o ferta restrita para suprir a demanda tão pujante e, pela primeira vez nos últimos 10 anos, tivemos uma quebra de safra da ordem de 10%-15%. Muitos especialistas afirmam que uma crise como a do Proálcool, marcada pela insuficiência do biocombustível nos postos durante o final da década de 1980, pode voltar a assombrar o setor sucroenergético.

Com as estimativas iniciais da safra 2012/13 divulgadas, não vislumbramos grandes melhorias no cenário observado na safra passada. A produção de etanol deverá permanecer constante, em torno de 20,4 bilhões de litros, e a de açúcar crescerá 9% atingindo 33,5 milhões de toneladas.

O que é consenso entre os especialistas é que a próxima safra deverá começar mais tarde, em maio deste ano, complicando ainda mais o cenário de abastecimento de etanol nos meses da entressafra que, desta vez, conta com mais 2,8 milhões de carros com tecnologia flex fuel.

O futuro da produção do etanol condizente com o crescimento da demanda apenas s e sustentará com a desoneração fiscal, equalização da tributação entre os Estados, investimentos em infraestrutura e logística, incentivos à renovação de canaviais, adoção de melhores práticas e controle efetivo de custos.

*Ana Malvestio é sócia da PwC Brasil e especialista em gestão tributária e societária de empresas do agronegócio.

**Vanessa Nardy é analista-sênior do Centro de Inteligência em Agronegócios da PwC Brasil.

ANA MALVESTIO* E VANESSA NARDY**

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