Mercado

O emprego do biodiesel

O presidente Lula confessou que a produção do biodiesel brasileiro não correspondeu à expectativa governamental. Não obstante, que irá autorizar a mistura de 5% ao diesel extraído do petróleo, podendo o acréscimo chegar aos 20% nos próximos anos e provocar economia anual próxima de 10 bilhões de litros de diesel.

Perto de alcançar 1,5 bilhão de litros de consumo no País, 80% da produção do biodiesel é oriunda do esmagamento da soja. Inicialmente, o governo escolheu a mamona como a principal matéria-prima a ser utilizada. Em seguida, o sebo do boi.

As instalações industriais existentes no Brasil têm a capacidade de fabricação de 3,6 bilhões de litros anuais e, desta forma, se não faltar a matéria prima (soja) o intuito presidencial poderá ser efetivado.

Com essa medida, poderá haver a redução das importações do diesel (cerca de 20%) e o País transformar-se no primeiro produtor do universo do biodiesel, de! pois dos alemães. Hoje, a produção do petróleo e gás natural de muitos produtores tradicionais de energia está em declínio e ficará concentrada, cada vez mais, em áreas instáveis.

Os analistas receiam que o biodiesel passe a depender diretamente das flutuações dos preços da soja, tornando inviável o alcance das metas governamentais. Em julho deste ano, a tonelada custava R$ 1.600 e, no final de outubro, R$ 1.950.

No mês transcorrido, o custo do biodiesel estava em R$ 2,10 por litro e foi vendido no último leilão da ANP a R$ 2,36. As outras fontes produtoras do biodiesel, além da soja, são dendê, girassol, a mamona, a canola e o pinhão-manso.

A medida do Executivo federal será benéfica ao meio ambiente, eis que o biodiesel é menos poluente que os combustíveis fósseis, podendo reduzir em cerca de 80% as emissões de gás carbônico, responsável pelo efeito estufa e quase 100% do enxofre na atmosfera. Tais comparações são do biodiesel puro, sem a mistura ao diesel.

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Para a preservação de uma matriz energética limpa e renovável no Brasil, a contribuição do biodiesel é fundamental, embora a atual produção seja muito cara. Contudo, no início do Proálcool, o etanol (álcool) não era competitivo com a gasolina e, gradativamente, transformou-se no combustível mais limpo e de menor preço em todo o universo.

Quando comparada com as matrizes de outros países -o mundo tem 15% do balanço energético em energia ecológica e renovável- a brasileira é da ordem de 50%. Contudo, sujeita a modificações, em face da recente construção das térmicas movidas a óleo combustível e diesel, com a preterição das usinas hidroelétricas.

O Brasil já registra vantagens, em face de sua matriz energética em que predominam as fontes renováveis em relação às melhorias climáticas. No período de 1990 a 2006, o uso do etanol como combustível permitiu a redução em 10% das emissões de gases estufa no Brasil.

O presidente dos EUA, Obama, tem se manifestado reitera! damente a favor de mudanças da matriz energética mundial, forçando a grande nação norte-americana (a maior consumidora do mundo) ao emprego de energia menos poluente, o que poderá aumentar o volume de compra do etanol (álcool) da cana brasileira.

Já se fala inclusive no maior emprego do biodiesel, obtenção de energia com o emprego de tecnologia mais sofisticada, no caso a eólica ou fotovoltaica, como se faz nas residenciais alemãs, onde se adaptam coletores solares e a sobra de energia é vendida na rede pública.

Hoje, o Brasil é o detentor de condições excepcionais para a produção de biocombustíveis, mui especialmente do etanol da cana e do biodiesel da soja, transformando-se em grande exportador a nações que não têm condições de produzi-los.

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