Mercado

Neiva fatura 100% mais com a venda de aviões agrícolas

Embalada pelo bom desempenho do agronegócio, a Indústria Aeronáutica Neiva, de Botucatu (SP), subsidiária da Embraer, vive em um “céu de brigadeiro”. As vendas de aviões agrícolas da companhia decolaram e encerram 2004 com volumes recordes vendidos.

As entregas de aviões agrícolas da Neiva somarão 82 unidades este ano, 78% mais que o número negociado no ano passado. Em 2001, por exemplo, a companhia vendeu apenas 11 unidades. Desde então, vem dobrando as vendas do modelo Ipanema EMB 2002, também conhecido como “Ipanemão”.

“As vendas desses aviões sempre foram estáveis, acompanhando o desempenho do mercado. Nos últimos quatro anos, contudo, a demanda começou a crescer, impulsionada pelo avanço dos agronegócios”, afirma Satoshi Yokota, vice-presidente de Desenvolvimento e Indústria da Embraer.

A aquecida demanda, acima das expectativas da própria empresa, levou a Neiva até a recusar pedidos para este ano. A empresa já tem encomendadas 12 unidades, que deverão ser entregues no primeiro trimestre do ano que vem.

As aeronaves agrícolas são utilizadas na pulverização das lavouras, com a aplicação de defensivos, fertilizantes e sementes. A Neiva é a única fabricante nacional, desde 1973, deste tipo de avião, que tem como principais concorrentes os tratores pulverizadores e os aviões agrícolas importados dos Estados Unidos – país com a maior frota de aviões agrícolas do mundo. No Brasil, a frota aérea está estimada em 1.100 unidades, das quais 850 foram fabricadas pela Neiva.

Neste ano em que comemora cinco décadas, a Neiva também começa a mostrar ao mercado os primeiros modelos de aviões agrícolas movidos a álcool. O anúncio será feito no dia 19 deste mês. Esses modelos tiveram a regulamentação aprovada pelo Centro Tecnológico Aeroespacial de São José dos Campos (SP) e consumiram investimentos de US$ 1 milhão em dois anos. Os aviões a álcool começam a ser negociados em 2005 e devem gerar uma economia de 20% em relação aos modelos à gasolina.

As pulverizações terrestres são mais baratas do que as aéreas. O custo de aplicação por hectare fica em torno de US$ 4, enquanto as aéreas ficam em torno de US$ 9 por hectare. “Mas o aproveitamento da aplicação de insumos via área é bem maior”, explica Acir Luiz Padilha Júnior, diretor da Neiva.

“A velocidade da aplicação aérea é cinco vezes maior que a da terrestre. Outra vantagem é que a pulverização aérea pode ser feita em qualquer tipo de solo, inclusive as regiões acidentadas, onde os tratores não alcançam. O alcance é maior nas lavouras atingidas pela ferrugem da soja. As pulverizações por tratores compactam o solo”.

Um avião agrícola tem capacidade para cerca de 950 litros de insumos, suficientes para cobrir uma área plantada de 60 hectares.

Os maiores clientes dos aviões agrícolas são as empresas de pulverização, que hoje detêm a maior frota. Cerca de 30% das vendas são feitas para o Centro-Oeste e 26% dos negócios estão no Sul do país.

Neste ano, a Neiva deve registrar faturamento de US$ 50 milhões, dos quais US$ 20 milhões provenientes dos aviões agrícola. No ano passado, essas aeronaves renderam receita de US$ 10 milhões. A companhia está reivindicando ao governo a inclusão dos aviões agrícolas no Moderfrota, linha de crédito destinada à aquisição de máquinas e implementos agrícolas.

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