Mercado

Negociações tímidas no Congresso Nacional não detêm elevação no preço do combustível

Governo perde a “guerra” do álcool

A pesar de manter-se há mais de dois meses abstêmio, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, continua enfrentando problemas com o álcool. Enquanto o preço do combustível cresce nas bombas de postos de todo o País, o governo tenta manobras para impedir que usineiros aumentem os preços do produto.

No Congresso Nacional, as movimentações para auxiliar o Executivo a deter o preço do álcool anidro continuam tímidas, graças à forte representação que o setor sucroalcooleiro mantém no parlamento. Embora não exista formalmente uma “bancada da cana-de-açúcar”, o setor é bem representado na Câmara pelos integrantes da Bancada Ruralista, terceiro maior grupo de interesse existente no Parlamento, que conta com cerca de 80 deputados, superando as bancadas de quase todos os partidos. Somente PT e PMDB reúnem mais parlamentares que os usineiros.

Desse total, pelo menos 30 deles mantêm interesses vinculados ao setor da produção do álcool e da cana-de-açúcar, a maioria filiada ao PFL e PSDB, principais partidos de oposição ao governo Lula.

Um dos mais intensos defensores do setor é o deputado Nelson Maquezelli (PTB-SP): “Não se pode admitir que o País seja prejudicado com a interrupção de financiamentos ao plantio da cana-de-açúcar”, defende o deputado.

Críticas

Outro exponente na defesa do setor é o deputado federal e vice-líder do PP, Roberto Balestra (GO), dono de uma usina de beneficiamento de cana-de-açúcar em Goiás. Licenciado do mandato parlamentar desde janeiro do ano passado para ocupar a secretaria de Agricultura de seu estado, Balestra retomou o mandato no mês passado.

Críticas não têm faltado ao governo. Para José Carlos Aleluia (PFL-BA), o governo tem feito um “festival de trapalhadas e populices”, na sua cruzada para tentar fazer baixar o preço do álcool. Uma das piores, segundo ele, foi baixar a zero a alíquota de importação do álcool, medida adotada no início deste mês.

Conforme lembrou Aleluia, o próprio ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, destacou que a mudança tributária não vai gerar impacto no mercado, já que não há países que possam exportar álcool para atender à demanda do Brasil. “O efeito da medida é do tamanho da alíquota: zero”, criticou.

Petroleiro

Outro parlamentar envolvido nas discussões é o deputado federal Luciano Zica (PT-SP). Sem ligações diretas com o setor, ele tem ouvido com atenção às demandas dos produtores do setor. Na útlima semana, após participar de evento promovido por produtores de álcool de São Paulo, onde ouviu queixas dos empresários, Zica prometeu cobrar do presidente Lula mais investimentos para facilitar o escoamento de produtos: “Vou fazer uma indicação ao presidente Lula da importância de investimentos em logística, a fim de se baratear ainda mais o transporte de cargas, como o açúcar e o álcool”, disse Zica.

O deputado apresentou à Comissão de Meio Ambiente da Câmara, no mês passado, requerimento solicitando a realização de um seminário, com objetivo de discutir os problemas de abastecimento e o aumento do preço do álcool combustível. O requerimento foi aprovado por unanimidade.

Nesta semana, as discussões em torno da produção de álcool no País deverão ser retomadas durante a realização da Feira dos Negócios do Setor de Energia (Feicana 2006), que será realizada em Araçatuba (SP). O ministro da Agricultura participará do evento.

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