Mercado

Montadoras têm maior produção da história e menor estoque em cinco anos

O aumento da massa salarial, a baixa inadimplência nos financiamentos e demais conseqüências da queda nas taxas de juros acabaram garantindo à indústria automobilística o diferencial para um crescimento acima de outros setores#. “Me surpreende ver como o crescimento do setor acima do PIB se sustenta”, diz o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea), Rogelio Golfarb.

A quantidade de veículos produzidos no país nos dois primeiros meses do ano ficou apenas 1% acima do volume de igual período do ano passado, lamentam os fabricantes, ao lembrar que as taxas de crescimento do setor eram maiores nos últimos anos. Mas a curva de ascensão é constante há cinco anos.

Na comparação com igual período de 2002, o início dessa ascensão, a quantidade de veículos que deixou as linhas de montagem em janeiro e fevereiro – 404,79 mil unidades – fica 63% acima das 248 mil de cinco anos atrás. Mesmo na comparação com 2005 houve elevação de mais de 13%.

No mercado interno as comparações chamam a atenção ainda mais. A venda de 299,6 mil veículos no bimestre avançou 14,9% em relação aos dois primeiros meses de 2006 e ficou 41% acima do total de 2002.

Com o avanço de vendas no mercado doméstico, o nível dos estoques baixou para o menor volume dos últimos cinco anos. A quantidade de veículos disponível atende 29 dias de vendas. A indústria costuma trabalhar com 36. Isso provoca a falta de alguns modelos e até cobrança de ágio, dependendo do tipo e cor no caso dos automóveis.

Por conta do bom desempenho, o setor abriu até mais postos de trabalho. Com 94.188 funcionários, as montadoras de veículos têm hoje 448 mais vagas do que em dezembro passado. Mas na comparação com um ano atrás (94.153) a diferença é mínima.

Mesmo assim a Anfavea continua a se queixar. O ritmo da produção não cresceu na mesma proporção de vendas porque os volumes de exportações estão caindo. O setor lamenta a retração de 13,2% na quantidade de veículos enviados para o exterior no acumulado do ano. No entanto, em valores, as exportações também bateram recordes, com receita de US$ 942,4 milhões, avanço de 0,7%. Somente as divisas registradas no mês passado avançaram 18,3% em relação a janeiro.

A indústria automobilística está agora de olho na visita do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, que terá como um dos principais focos o uso do etanol nos automóveis. Os carros com motores que aceitam álcool, gasolina ou a mistura de ambos já representa 83% das vendas no Brasil. “Mas se não investirmos em pesquisa perderemos uma oportunidade de ouro”, diz Golfarb.

Banner Revistas Mobile