Mercado

Montadoras argentinas querem negociar "empresa por empresa"

O presidente da associação que reúne as montadoras argentinas (Adefa), Felipe Rovera, disse ontem que um dos formatos em negociação para o novo acordo automotivo prevê um conjunto básico de regras que teriam de ser cumpridas por todas as montadoras, com negociações adicionais para definir a situação de cada empresa.

“O governo deve direcionar, dar as metas principais, e depois fazer acordos empresa por empresa”, afirmou Rovera, executivo brasileiro que preside a Adefa. Rovera, que além de comandar a associação de montadoras preside a filial local da General Motors, participou ontem do lançamento do Corsa com motor bicombustível.

Ele não quis dar detalhes de que parte do acordo teria capítulos por empresa, mas uma possibilidade é que a parte relativa a investimentos seja um desses itens. O dirigente ressaltou que tanto a Adefa quanto a Anfavea querem que nesse conjunto básico de regras esteja incluído um “flex” (percentual de comércio entre os dois países) único para todo o setor e a definição de uma data de entrada em vigor do livre comércio.

No ano passado, a Argentina recusou-se a aceitar a entrada em vigor do livre comércio de automóveis no Mercosul, prevista para janeiro deste ano. Os dois países não conseguiram chegar a um acordo sobre novo regime para o setor até a data-limite e resolveram prorrogar as regras atuais até junho.

Rovera disse esperar que as negociações não se prolonguem além deste limite. “Não queremos passar pela situação que tivemos no final do ano passado, e pelo que aconteceu em fevereiro, de fechar um acordo de última hora.”

O governo argentino vem se recusando a aceitar a fixação de uma data para o livre comércio, sob o argumento de que a liberalização só ocorrerá quando a indústria local tiver garantias de sobrevivência no longo prazo. As autoridades querem que as empresas que não produzem automóveis no país sejam penalizadas – daí a idéia de estabelecer um flex por empresa.

Outra proposta é que seja cobrado imposto de importação para os produtos das companhias que não tem produção local. O principal alvo seria a Fiat, que não fabrica automóveis no país, apenas motores e caixas de câmbio.

Rovera disse ser contrário ao flex por empresa e defendeu que, em vez disso, o governo argentino dê vantagens para as montadoras com produção local. “A melhor maneira de punir é premiar.”

Sobre o veículo lançado ontem na fábrica da GM em Rosário, na província de Santa Fé, Rovera disse que a expectativa é produzir 15 mil unidades até o final do ano, todas destinadas ao mercado brasileiro. O carro é o primeiro modelo flex com motor fabricado na Argentina e será totalmente exportado porque o país vizinho não utiliza o álcool como combustível.

Por enquanto, o mesmo veículo continuará sendo fabricado também no Brasil, mas o executivo explicou que a transferência de parte da produção do automóvel para a Argentina permitirá que a GM brasileira amplie a fabricação do modelo Vectra.

O executivo não quis fazer comparações entre os custos de produção do Corsa no Brasil e Argentina, mas disse que a situação atual torna a operação argentina “competitiva”. Entre as vantagens do país vizinho estão o câmbio, as tarifas de energia mais baratas e os salários. Segundo Rovera, a fábrica da GM em Rosário deve fechar 2006 com uma produção de 65 mil unidades, o que representa utilização de cerca de 60% da capacidade instalada.

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