Cresce o controle das usinas de cana-de-açúcar do Brasil por fundos de investidores. A maioria das negociações recentes com companhias sucroenergéticas envolve fundos internacionais.
A última negociação relacionada ao setor sucroenergético foi a venda da operação da usina da norte-americana Archer Daniels Midland (ADM) no município de Limeira do Oeste (MG) para o fundo JFLim Participações.
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Os termos de negociação do acordo para venda da operação de produção de etanol pela ADM não foram revelados. Em comunicado oficial, a companhia americana informa que vende áreas de canaviais e uma unidade fabril capaz de processar até 1,5 milhão de toneladas de cana por safra e produzir 37 mil galões por ano.
Essa produção equivale a 136,9 milhões de litros de etanol, uma vez que cada galão representa 3,7 litros.
A negociação entre a ADM e o fundo JFLim Participações foi comunicada pela norte-americana em 31/03.
Black River
Três meses antes, em 01/01, assumiu o controle das duas usinas do tradicional Grupo Ruette a gestora de fundos norte-americana Black River.
A gestão das unidades de cana localizadas nas cidades de Paraíso e de Ubarama, no interior paulista, caberá à Proterra Investment Partners, que tem entre os acionistas a gigante americana Cargill, que já controla a usina de cana Cevasa, em Patrocínio Paulista (SP) e é sócia da Usina São João (USJ) na SJC Bioenergia, dona das unidades Usina São Francisco, em Quirinópolis e a Usina Rio Dourado, instalada na cidade de Cachoeira Dourada, ambas em Goiás. Desde dezembro, a São Francisco também produz etanol a partir do milho.
A negociação de venda das usinas da Ruette para o fundo Black River ocorreram em 2015, ano no qual a família Ruette quase oficializou processo de recuperação judicial.
Bom negócio
A presença de fundos de investidores no setor sucroenergético não é novidade.
Chama a atenção, no entanto, que o setor sucroenergético atraia, desde 2015, a atenção desses investidores após mais de cinco anos de desinvestimento em áreas agrícolas e industriais por conta de gestões do governo federal como, por exemplo, o congelamento do preço da gasolina por anos, o que ampliou as perdas das companhias de usinas de cana.
O Portal JornalCana apurou com analistas do setor que o interesse dos fundos se dá justamente porque há pelo menos 100 unidades sucroenergéticas desativadas no País, mas em condições de retomar a operação.
Elas estariam disponíveis para venda por preços atrativos diante um mercado internacional no qual há déficit na produção de açúcar e demanda em crescimento, apesar de um avanço menor em função das turbulências econômicas mundiais.
Conheça mais exemplos
O Portal JornalCana lista a seguir usinas de cana-de-açúcar do País com controle ou participação acionária de fundos de investimentos.
A usina de cana-de-açúcar Da Mata, localizada na cidade de Valparaíso (SP), foi implantada em 2008 a partir da Brasif Fundo de Investimentos e Participações e do grupo AGP Negócios e Participações S/A, do empresário Alexandre Grendene.
Já o fundo de private equity FIP Terra Viva, administrado pela DGF Investimentos, investe em três unidades de cana-de-açúcar: a usina Paraíso Bioenergia, de Brotas (SP), e as duas usinas do Grupo Tonon, nas cidades de Bocaina (SP) e Maracaju (MS). O Grupo Tonon, entretanto, está em recuperação judicial.
A FIP Terra Viva tem como investidores seis fundos de pensão, entre eles a Previ, a Petros e o Banesprev (Santander).
Há exemplos de participação de fundos que aguardam por viabilidade. É o caso, por exemplo, da Usina Canabrava, em Campos de Goyatacases (RJ), pertencente ao Fundo de Investimento em Participações Bioenergia (FIP), cujos cotistas são os fundos de pensão dos Correios (Postalis), da Petrobras (Petros), do Serpro (Serpros) e da Companhia Energética de Brasília (Faceb).
A Canabrava está paralisada desde outubro de 2015 e já recebeu investimentos da ordem de R$ 700 milhões. A unidade também é alvo de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) movida pela Câmara Federal.