Mercado

Mercado sucroalcooleiro: muitas especulações sobre safra e preços

Na última sexta-feira, estava cotado a 19,80 centavos de dólar por libra-peso. O açúcar foi a commodity agrícola que mais caiu em agosto: 12,6% de queda. A soja subiu 6,5%. O milho ficou inalterado.

O problema, de acordo com Arnaldo Corrêa, gestor de riscos e diretor da Archer Consulting, é sobre as chamadas profecias autorrealizadas. “O que acontece é que os relatórios de muitas tradings carregam o tom baixista, apontando para preços mais baixos do que os níveis atuais. No entanto, muitos fundos de hedge baseiam suas posições nas análises e informações vindas das tradings. Simples assim: as tradings dizem que o mercado vai cair, divulgam isso em seus relatórios, os fundos se posicionam baseados neles, e vendem o mercado que, pressionado e sem notícias novas, entra em queda. A previsão se confirmou”, comenta o gestor de riscos.

O mercado de açúcar carece de notícias novas. As velhas estão sendo requentadas e refletem no mercado como se fossem novas. “Parcela considerável dos fatores que afetam a fraqueza do mercado, já estava absorvida há tempos. O fato é que o mercado não tem forças para subir e vamos ficar presos nesse intervalo entre 19,50 e 22,00 centavos de dólar por libra-peso até que alguma coisa mude a visão dos negociadores”, explica Arnaldo Corrêa.

Estimativas da Archer Consulting – empresa especializada em mercado de futuros, opções e derivativos agrícolas – para a safra 2012/2013 do Centro-Sul apontam uma produção de cana de 507 milhões de toneladas (1% acima da estimativa de julho), considerando uma produção de 31,419 milhões de toneladas de açúcar (redução de 710 mil toneladas) e 20,016 bilhões de litros de etanol (redução de 585 milhões de litros).

Para algumas tradings, no próximo ano, o Centro-Sul vai produzir 590 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. “E aqui está a questão que levanta muitas dúvidas. As usinas mais capitalizadas do Brasil, que investiram na renovação, acreditam numa recuperação da área plantada. Houve muita renovação da lavoura. As mais disciplinadas acreditam em um aumento de cana entre 8% e 10% para a safra 2013/2014. Se estas mais bem capitalizadas colocam esse aumento é de se supor que as usinas menos capitalizadas cresçam menos. Vamos estimar que 1/3 do setor cresça 10% e 2/3 cresça metade disso. Na melhor das hipóteses, sobre uma base atual de 510 milhões de toneladas, passaríamos para 545 milhões de toneladas. E mesmo se todos crescessem linearmente 10%, teríamos 561 milhões de toneladas. Portanto, parece-me que 590 é um número bastante irreal. Se não dá nem para falar da 2012/2013 nesse estágio, imagine então na safra 2013/2014”, conjectura Arnaldo.

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