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Mercado já sente efeitos do documento

O mercado brasileiro começa a sentir os efeitos do Protocolo de Quioto – que prevê a redução da emissão de gases causadores do efeito estufa -, em vigor desde fevereiro, embora ainda não estejam ocorrendo negociações de créditos de carbono. Após a entrada em vigor do documento, o Banco Real fechou mandato para gestão dos créditos gerados por projeto de uma empresa até 2012, estimado em US$ 32 milhões.

A instituição financeira está em vias de assinar parceria de gestão de outros 21 projetos, cujo montante ultrapassa US$ 100 milhões, segundo o superintendente executivo de desenvolvimento de negócios sócio-ambientais do Banco Real, Victor Hugo Kamphorst.

O Banco Real oferece avaliação técnica e financiamento de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), serviço de trading de crédito de carbono e de antecipação dos créditos. A atuação abrange projetos de biomassa, eficiência energética e aterro sanitário, atendendo clientes da Europa, do Canadá e Japão.

“Em maio, fechamos o primeiro câmbio de internação de crédito de carbono”, conta o executivo. A instituição deve realizar duas antecipações em junho, no total de US$ 12 milhões. As operações referem-se a vendas feitas em 2004. O ABN Amro Bank tem estrutura para negociação no segmento também na Holanda, Alemanha, Austrália e em Londres.

A comercialização anual de créditos de carbono no Brasil deverá chegar a cifras entre US$ 25 milhões e 30 milhões, na avaliação de Kamphorst. O executivo estima que os negócios do produto em todo o mundo somem US$ 65 bilhões até 2012.

Projetos aprovados

Até o momento, dois projetos do Brasil foram aprovados pela Comissão Executiva da Organização das Nações Unidas (ONU) – o Nova Gerar, em aterro sanitário de Nova Iguaçu (RJ), focado na conversão de metano em biogás para a geração de energia, e o projeto da Vega Bahia de gestão limpa do aterro sanitário de Salvador.

Para ser aprovado, um projeto precisa ser validado por empresa certificadora reconhecida pela ONU e aprovado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia. Só então é submetido à Comissão Executiva da ONU.

O Projeto Plantar, a ser apresentado à ONU até o final do ano, foi pioneiro na venda de créditos de carbono no País. Desenvolvido com o Banco Mundial (BID), trata do plantio de florestas para fornecimento de carvão vegetal, a ser usado em substituição ao mineral.

Outro projeto que deve ser submetido à ONU este ano é o do uso de barcaças pela Aracruz Celulose para transporte de madeira da Bahia para a fábrica do Espírito Santo, segundo o gerente de meio ambiente corporativo, Ricardo Mastroti. A carga transportada equivale à de 95 carretas, com redução do combustível utilizado.

Em 2002, o Banco Mundial comprou US$ 5,3 milhões em créditos de carbono do Plantar. Segundo o gerente de projetos da empresa, Fábio Nogueira de Avelar, o Banco Mundial desembolsou cerca de US$ 3 a US$ 5 por tonelada.

Hoje não há consenso sobre as cotações dos créditos de carbono no mercado internacional. Estima-se preços desde US$ 10 por tonelada de carbono resgatado até €40.

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