O empresário paulistano Ricardo Mansur anunciou ontem, após negociação rápida, a compra da Cerp (Central Energética Ribeirão Preto), que deve voltar a ser chamada pelo antigo nome, Galo Bravo.
Seu primeiro grande investimento no setor sucroalcooleiro acontece dez anos depois das falências do banco Crefisul e das gigantes do varejo Mesbla e Mappin, que acarretaram ao empresário processos na Justiça, dois meses de cadeia e o rótulo de mau administrador.
A negociação foi confirmada ontem à tarde à Folha por Gilberto Mascioli, que foi nomeado o novo diretor de operações da usina. Mansur, que esteve em Ribeirão no! s últimos dois dias, não quis falar a respeito.
“O que posso dizer é que Ricardo Mansur comprou a Galo Bravo e está muito feliz”, disse Mascioli. Questionado sobre as aspirações do empresário no setor do álcool e açúcar, o executivo disse: “Ele tem planos, sim. Quer comprar dez usinas nos próximos anos”.
Os valores da negociação e os planos para por a usina em funcionamento -é a única da região que ainda não iniciou a safra- não foram revelados. A Folha apurou, no entanto, que a intenção de Mansur é iniciar a moagem de uma parte da cana já colhida em dez dias.
Ontem, ele esteve na usina pela manhã, conversou com a atual diretoria e chegou a trabalhar no parque industrial com alguns operários, que já iniciaram o processo de manutenção das máquinas.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Fabricação do Álcool, Químicas e Farmacêuticas, Pedro Jesus Sampaio, Mansur disse que a compra da Cerp é um marco na sua vida e que pretende fazer a usina retomar a importância que teve para a cidade há alguns anos.
“Trato como um desafio muito gostoso. A região é um polo nesse tipo de indústria e pretendo fazer Ribeirão Preto retomar essa tradição”, disse Mansur ao sindicalista.
Para Sampaio, que representa os cerca de 500 trabalhadores que ainda permanecem na empresa, a primeira atitude da nova diretoria deve ser pagar parte dos quatro meses de salários atrasados.
“Aí sim a empresa vai moer e contratar cortadores para iniciar o ciclo da safra”, disse.
Sílvio Palvequeres, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ribeirão teve a promessa de que em duas semanas a nova diretoria vai se reunir com uma comissão de trabalhadores para apresentar seu plano de trabalho. Ele acredita que, inicialmente, serão contratados 500 cortadores de cana.
Um dos principais ribeirão-pretanos no setor, o usineiro Maurilio Biaggi Filho se disse surpreso, mas satisfeito com a negociação. Ele elogiou o “timing” do empresário, que comprou! uma empresa a um bom preço em época promissora para o mercado.
“É um período em que os ativos estão baixos, mas que a perspectiva de exportação de açúcar é grande e o preço do álcool está bom”, disse.