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Mamona e etanol ainda recebem investimentos

A descoberta de novas reservas de petróleo na camada pré-sal não alterou os planos de investimento do governo brasileiro e da Petrobrás na área de biocombustíveis. A garantia foi dada pelo presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, que informou que a estatal não recuou e manteve os R$ 2,8 bilhões destinados aos biocombustíveis nos próximos anos. Ele citou que a Petrobrás criou um programa para biocombustíveis, uma empresa dedicada a etanol e biodiesel, uma companhia para a construção de alcooldutos e já distribui etanol no Japão.

“Não alteramos nossa política e a nossa prioridade”, garantiu, em resposta ao colunista de economia do Estado, Celso Ming, que fez referência ao título que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de “rei da mamona”.

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) comentou: “Os usineiros, até recentemente, eram os heróis da nação e o Brasil iria e! nsinar o resto do mundo sobre o biodiesel. Agora ficou comprovado que a mamona é inviável para fabricar biodiesel”.

O deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ) também questionou o abandono do discurso do biodiesel após as descobertas do pré-sal. “O presidente Lula disse que quem duvidava da bioenergia estava com as mãos sujas de petróleo. De repente, ele aparece com as mãos sujas de petróleo alegremente”, ironizou.

Gabrielli defendeu a viabilidade da produção de biodiesel de mamona e citou que milhares de famílias estão sendo capacitadas no Nordeste para o plantio. Garantiu a Jereissati que uma usina já produz biodiesel de mamona justamente no Ceará, no município de Quixadá. Outras duas usinas estão sendo implantadas no Rio Grande do Norte, disse.

O deputado Fernando Gabeira cobrou estudos sobre o impacto ambiental da exploração do petróleo do pré-sal. “Não conheço nenhum estudo brasileiro sobre o tipo de vida marinha que há na área de exploração, nessa área de 800 km de extensão por 200 km de largura”, reclamou.

O deputado questionou a isenção dos biólogos que atualmente trabalham no assunto. “Os biólogos que entendem do assunto trabalham na Petrobrás. Não temos biólogos independentes trabalhando nessa questão e, com todo respeito à empresa, o Estado tem que ser independente na avaliação dessas questões”, afirmou.

Gabrielli garantiu que as preocupações do deputado são as mesmas da Petrobrás. “A empresa é muito preocupada com a questão ambiental. Fizemos um investimento de mais de R$ 5 bilhões, e os dados de vazamentos mostram que estamos seguindo padrões excelentes.”

O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), citou seu Estado como exemplo de que a exploração do petróleo pode trazer avanços para o meio ambiente. Ele citou o exemplo do fundo criado pelo Estado, com royalties do petróleo, para financiar o pagamento de serviços ambientais.

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