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Lula rebate Fidel e Chávez e defende biocombustíveis

Em cúpula na Venezuela, Brasil veta menção, em documento final dos países, aos supostos riscos que álcool e biodiesel trariam

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que o Brasil pode produzir biocombustíveis -álcool e biodiesel- sem comprometer a área destinada à produção de alimentos. “Nós temos uma imensidão de um território, não apenas no Brasil, mas em todos os países da América do Sul, na África, que poderão tranqüilamente combinar a produção de oleaginosa para produzir o biodiesel, de cana para produzir o etanol, e ao mesmo tempo, produzir alimento”, disse Lula, no programa de rádio “Café com o Presidente”. A produção de álcool de cana-de-açúcar para uso em automóveis vem sendo criticada pelos presidentes Fidel Castro (Cuba) e Hugo Chávez (Venezuela). Chávez já disse que o álcool é “totalmente irracional e antiético” e que seria “loucura” utilizar as terras da América Latina para “alimentar os veículos dos senhores do Norte”. Já o presidente cubano afirmou que a produção de álcool pode levar à morte prematura de 3 bilhões de pessoas. Ontem, Lula disse não saber a origem dos dados apresentados por Fidel e por Chávez, com o qual teria reuniões na Venezuela ontem e hoje. “Eu não sei qual é a base técnica ou científica das críticas ainda. Eu espero que tenhamos oportunidade de discutir um pouco o assunto.” “O que nós precisamos é ser racionais, trabalhar com muito cuidado nisso, obviamente que nós temos que ter uma política de Estado orientando onde vai ser produzido, que tipo de coisa vai ser utilizada”, disse o presidente brasileiro.

Proposta

O assessor internacional de Lula, Marco Aurélio Garcia, disse ontem que o Brasil bloqueou a proposta de “alguns países” para incluir no documento final da Cúpula Energética da América do Sul a afirmação de que os biocombustíveis ameaça a produção de alimentos e traz o risco de provocar falta de alimentos no mundo. Segundo Garcia, o documento final “fará menção a todos os combustíveis, porque petróleo de preço alto compromete a produção de alimentos.” “Dissemos o seguinte: o perigo existe também no petróleo. Ouvi mais de uma vez, e acho que com justiça, do presidente Chávez dizer que a opção exclusiva pelo petróleo que se fez décadas atrás na Venezuela havia incidido negativamente sobre a agricultura do país”.

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