Mercado

Lula diz que programa de diesel H-Bio beneficiará produtores de soja

O programa de produção de diesel H-Bio foi lançado ontem no Paraná, o maior produtor de grãos do país, com um atraso de 20 dias, mostrando o desejo do governo de agradar aos empresários do agronegócio — que estavam insatisfeitos com o fato de o programa privilegiar os pequenos agricultores. A soja será a principal matéria-prima do H-Bio, que deve reduzir em 15% as importações de diesel, possibilitando uma economia de US$ 145 milhões este ano.

Admitindo o atraso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o objetivo de mudar o lançamento de Betim (MG) para o Paraná era “dar um sinal”, porque o estado é um grande produtor de soja. E lembrou que os produtores de soja agora terão um benefício semelhante ao dos plantadores de cana. Em 2006 e 2007 a Petrobras comprará 256 mil m³ de óleo de soja para produzir H-Bio, ou 10% das exportações totais do produto. Isso compensará as variações no mercado internacional.

— Quando produzimos soja em excesso, o preço despenca no mercado internacional — disse Lula. — Agora, com a possibilidade de introduzirmos a soja no H-Bio, pode-se ter um mercado regulador. Se o preço não for conveniente, nós metemos para fazer H-Bio.

Ele também afirmou que essa tecnologia pode ajudar na recuperação financeira de países da África e América Latina:

— Imaginem o mais pobre plantando combustível e vendendo para o mais rico.

Lula defendeu que o H-Bio tenha uma cota da produção de soja, a fim de evitar crises como as do álcool, quando o preço do açúcar supera o do combustível. Já a Petrobras prefere uma solução de mercado. Segundo o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, caso falte soja pode-se simplesmente parar de produzir o combustível:

— Os movimentos de commodities são independentes. O processo (de produção do H-Bio) é interrompível.

Lula admitiu que os grandes agricultores discordaram do projeto de biodiesel do governo, que deu prioridade a mamona, pinhão manso e girassol, beneficiando a agricultura familiar de regiões pobres do país. Mas assegurou que o H-Bio terá um selo social.

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