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Lula defende etanol brasileiro em discurso na ONU

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira (23), em seu tradicional discurso inaugural na Assembléia Geral das Nações Unidas (ONU), que o Brasil não renunciará à agenda ambiental por conta da descoberta do pré-sal e a possibilidade de se tornar uma potência petrolífera.

Lula defendeu o etanol e sugeriu que todos os países devem se empenhar em realizar ações para reverter o aquecimento global. “O etanol brasileiro e os demais biocombustíveis são produzidos em condições cada vez mais adequadas, sobretudo a partir do Zoneamento Agroecológico que acabamos de implantar”.

O discurso de Lula agradou o presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), Marcos Jank, que considerou a defesa do etanol brasileiro uma iniciativa “correta e importantíssima” por ser levada a um público decisivo e global.

“É fundamental disseminar mundialmente as importantes medidas que têm sido tomadas no Brasil para garantir o reconhecimento da sustentabilidade socioambiental de nossa produção de biocombustíveis. O Presidente Lula faz isso ao levar essa mensagem essencial à ONU, e portanto, ao mundo”, disse Jank, que estava ontem em Nova Iorque.

Lula disse aos líderes mundiais que a matriz energética brasileira é uma das mais limpas do planeta, informando que 45% da energia consumida no País são renováveis. “No resto do mundo apenas 12% é renovável, enquanto que nos países da OCDE essa proporção não supera 5%”.

O presidente brasileiro falou sobre a importância da mistura de 25% de etanol à gasolina, o que contribui para a redução das emissões dos gases de efeito estufa. “Mais de 80% dos carros produzidos no País têm motor flex, o que permite a utilização indiscriminada de gasolina ou álcool”, disse Lula.

A proibição do cultivo da cana e da instalação de usinas em áreas de vegetação nativa também foi destacada por Lula. “A decisão vale para toda Amazônia e nossos principais biomas. O plantio da cana-de-açúcar não ocupa mais do que 2% de nossas terras agricultáveis. Distinto de outros biocombustíveis, ele não afeta nossa segurança alimentar nem compromete o equilíbrio ambiental”.

Para derrubar argumentos dos eventuais opositores ao biocombustível brasileiro, Lula citou o Compromisso Nacional para o Aperfeiçoamento do Trabalho na Cana-de-Açúcar, acordo firmado entre empresários, trabalhadores e governo para valorizar as melhores práticas trabalhistas do setor sucroenergético.

Para Marcos Jank, medidas como o Compromisso Nacional “são fortes destruidores de mitos que invariavelmente são utilizados para denegrir nossa indústria. É importantíssimo que a existência de medidas nesse sentido se torne de conhecimento amplo e global. O mesmo vale para o Zoneamento Agroecológico da cana-de-açúcar”, disse.

O presidente da Unica considerou o discurso de Lula coerente ao afirmar que o crescimento das reservas brasileiras de petróleo não significa renúncia à agenda ambiental. “Temos certeza que o governo entende que no atual contexto, com as mudanças desafiando o mundo, é muito mais importante para o Brasil continuar sendo reconhecido como pioneiro mundial das energias renováveis e sustentáveis”.

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