Mercado

Lobby nos EUA preocupado com etanol brasileiro

O mais novo argumento dos adversários do tratado de livre comércio América Central-Estados Unidos (Cafta) para tentar impedir sua ratificação no Congresso americano é o plano de grandes empresas do agronegócio, como a Cargill, de usar El Salvador e outros países centro-americanos para exportar etanol do Brasil para o mercado americano.

Vários Estados dos EUA usam o etanol como aditivo da gasolina, na proporção de 10%. Na semana passada, o Senado acrescentou uma emenda a um projeto de lei de energia em fase final de tramitação no Congresso estipulando que até o ano 2012 a indústria americana de etanol aumente sua produção para 8 bilhões de galões, ou pouco mais que o dobro dos 3,41 bilhões de galões produzidos no ano passado pelas 81 usinas em operação em 20 Estados do país. A produção brasileira foi de 4 bilhões de galões em 2004.

Sob o Cafta, os países centro-americanos poderão exportar 240 milhões de galões de etanol para os EUA este ano sem pagar a tarifa de importação de 51 centavos de dólar por galão cobrada para financiar o subsídio do mesmo valor dado aos produtores internos, sob a forma de crédito ou isenção de impostos, para incentivar a produção local. “Se o etanol exportado pela América Central for uma mistura de 50% de etanol brasileiro, quantias ilimitadas poderiam ser exportadas aos EUA livre de tarifa”, alega um estudo publicado ontem pelo Instituto para Agricultura e Política Comercial (IATP).

“Não faz nenhum sentido entregar nosso mercado de etanol, que é algo que fazendeiros e comunidades rurais passaram os últimos 20 anos construindo, por causa de um mau acordo comercial”, disse Marf Ritchie, o presidente do IATP.

Archer Daniels Midland

A produção de etanol nos EUA tem muito pouco a ver com comunidades rurais em dificuldades. A maior parte é produzida por uma única empresa, a Archer Daniels Midland, que embolsou no ano passado perto de US$ 1 bilhão em subsídios federais. A maior parte do álcool combustível nos EUA é feito de milho, por um processo pouco eficiente em termos energéticos, especialmente em comparação com a cana-de-açúcar, pois consome quase a mesma quantidade de energia que produz.

Banner Revistas Mobile