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Irrigação dobra produtividade em usina

Coruripe – “Cana-de-açúcar não bebe qualquer tipo de água”. A inusitada afirmação do operário Wesley Miguel da Silva chama a atenção de quem visita uma das centrais de bombeamento de água tratada para o computadorizado sistema subterrâneo de irrigação por gotejamento em que a Usina Coruripe fez investimento de R$ 23 milhões.

Fruto de estudo conduzido por pesquisadores do curso de Agronomia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o sistema mescla experiências bem-sucedidas no Oriente Médio com adaptações locais e tem resultado em produção de até 170 toneladas do vegetal por hectare, 100% superior à média estadual que oscila entre 70 e 80 ton/ha.

O moderno sistema de irrigação, também implantado de forma exitosa nas usinas Seresta e Porto Rico, reduz em at é 15% os custos com captação, transporte e aplicação de água à lavoura onde a planta será colhida no fim de safra, entre setembro e fevereiro, quando o solo demanda mais líquido para gerar frutos.

Tecnologia integra plantio da cana e reduz custos

Coruripe – O eletrotécnico Francisco de Assis Vieira veio de Petrolina, Sertão de Pernambuco, como representante da empresa que venceu milionária licitação aberta pela Usina Coruripe para contratação dos especialistas na montagem dos tubos por meio dos quais se desenvolve o sistema subterrâneo de gotejamento.

“Na fruticultura, a água pinga sobre a planta. Aqui, no canavial, nosso desafio era fazê-la pingar debaixo da terra. O líquido que jorra de cada um dos orifícios molha duas raízes de uma só vez”, explica o profissional, parceiro dos mais de mil operários e técnicos vinculados ao Departamento de Irrigação e Topografia daquela indústria.

Francisco de Assis é defensor intransigente da viabilidade do novo sistema de irriga ção, desenvolvido para gerar frutos no subsolo. “Já sabemos dos resultados. E ainda vamos vender nosso conhecimento para muita empresa neste País”, avisou.

Plantas alagoanas garantem sucesso de irrigação

Coruripe – A pesquisa que norteou a implantação do sistema de irrigação subterrânea implantado pela Usina Coruripe foi desenvolvida pelo professor doutor Gilson Moura Filho, do departamento de Agronomia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Os pesquisadores coordenados pelo professor chegaram à conclusão de que duas das variedades de cana desenvolvidas em Maceió eram as ideais para cultivo por meio do gotejamento.

A investigação envolveu alunos de graduação, mestrado e doutorado da Ufal. Durou quatro anos, tempo suficiente para que os cientistas descobrissem que, nas áreas onde haveria o gotejamento subterrâneo, não seria viável a utilização de adubo capaz de elevar o nível de acidez do solo. “Também buscávamos resposta para a quantidade ideal de nutriente a ser aplicado em cada planta”, explicou o professor.

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