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IPCA de junho se mantém em 0,28%

A forte alta internacional nos preços do leite pressionou a inflação no Brasil em junho e manteve o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 0,28%, exatamente a mesma taxa de maio. O grupo de alimentos e bebidas (1,09%) contribuiu com 82% (0,23 ponto porcentual) nessa taxa.

No primeiro semestre, o índice acumulou alta de 2,08%, bem mais que o 1,54% do mesmo período do ano passado. O IPCA é referência para as metas de inflação do governo, que em 2007 é de 4,5%.

Pressionados pela chuva que prejudicou a colheita de produtos in natura, no início do ano, e pelos reajustes no leite a partir de maio, os alimentos já aumentaram 3,93% entre janeiro a junho, índice superior ao verificado em todo o ano de 2006, de 1,23%.

Segundo a Coordenadora de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes dos Santos, o reajuste nos alimentos só não foi maior no primeiro semestre por causa da manutenção do dólar em níveis baixos, já que esses produtos são muito sensíveis à variação da moeda americana. A safra recorde prevista para este ano, de 135 milhões de toneladas, também ajudou a evitar alta ainda maior nos alimentos.

O grupo de leite e derivados acumulou 15,42% no primeiro semestre e apresentou a maior contribuição individual (0,28 ponto porcentual) para a inflação no período. Segundo Eulina, a perspectiva é de que ainda ocorram aumentos nesse grupo, já que os preços permanecem elevados no mercado externo e os estoques internos continuam baixos.

Ainda no primeiro semestre, a maior variação de preços ocorreu na cebola (94,87% e contribuição de 0,06 ponto porcentual no IPCA). Do lado das contribuições de queda para a inflação, os principais impactos – a influência na taxa é dada especialmente pelo peso de cada produto no cálculo, não apenas pelo volume de variação – foram dados pelo arroz (7,56%), frutas (5,03%), carnes (2,29%) e seguro de veículos (7,84%). Em termos de magnitude, a principal redução de preços no semestre ocorreu no açúcar cristal (15,72%).

Em relatório sobre o IPCA, os economistas da LCA Consultores comentaram que é possível que os alimentos pressionem a inflação nos próximos meses, “mas esse foco de pressão será passageiro”. A consultoria mantém a projeção de taxa acumulada de 3,5% em 2007.

COMBUSTÍVEIS

Em junho, a alta dos alimentos foi, em parte, compensada pela deflação nos combustíveis (1,69%). A boa safra da cana-de-açúcar levou a uma queda de 12,35% nos preços do álcool. Como a gasolina tinha, até junho, um porcentual de 23% de mistura de álcool (a partir de 1º de julho é de 25%), o preço do produto também recuou (-0,77%). No primeiro semestre, a gasolina acumulou queda de 0,51%, enquanto o álcool, por causa dos reajustes do início do ano, subiu 2,22%.

Em julho, segundo Eulina, o IPCA terá uma “pressão significativa para baixo” exercida pela Região Metropolitana de São Paulo, que tem maior peso no índice (33,06%). O impacto negativo vai resultar da redução de 12,66% na taxa de energia elétrica da Eletropaulo, em vigor desde 4 de julho.

Outra influência já conhecida da inflação de julho, segundo Eulina, é o aumento de 3,3% na telefonia fixa no Rio, em conseqüência da transição de pulso para minuto na tarifação das contas. E o leite pasteurizado deverá figurar novamente como pressão de alta da taxa.

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