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Indianos fecham novo acordo com a Equipav

O grupo indiano Shree Renuka fechou um novo acordo para a compra de 50,79% de duas usinas da Equipav Açúcar e Álcool, em uma reunião no final da noite de quinta-feira. O acordo foi ratificado por procuradores do presidente da Shree Renuka Sugars, Narendra Murkumbi, que deve chegar ao país na próxima terça-feira.

A expectativa é de que o executivo venha ao Brasil para anunciar oficialmente o acordo. Por isso, a Equipav preferiu manter silêncio sobre o fim das demoradas e polêmicas negociações com os indianos.

O valor da operação não foi revelado, mas especula-se que seja bem inferior aos R$ 600 milhões anunciados em fevereiro, quando as duas partes haviam fechado o primeiro acordo. O motivo da nova proposta seria principalmente a queda do preço do açúcar, de 30 cents por libra em fevereiro para cerca de 15 cents atualmente. Fontes de bancos dizem que a meta da Renuka era reduzir este valor para R$ 400 milhões, em função ainda de várias contingências e passivos encontrados na Equipav durante o processo de análise de dados.

Diferentemente do que ocorreu no início do mês, desta vez, os três sócios da Equipav – as famílias Toledo, Vetorazzo e Tarallo – concordaram em assinar o acordo. Desentendimentos internos entre eles foram os principais obstáculos enfrentados para a concretização do negócio, que durou mais de quatro meses e teve momentos de tensão.

No mês passado, Murkumbi chegou a assinar o contrato de compra, mas um dos sócios da Equipav, que ficou para assinar por último, desistiu da venda. Na reunião desta quinta-feira, os procuradores do indiano preferiram ser os últimos a assinar o documento de aquisição das usinas.

Foco. As duas usinas sucroalcooleiras da Equipav, localizadas nas cidades paulistas de Promissão e Brejo Alegre, são focadas na produção de etanol, com mais de 60% da cana-de-açúcar sendo utilizada na produção do combustível. A Shree Renuka Sugars já é um dos maiores produtores de açúcar da Índia, com produção estimada em 1 milhão de toneladas por ano e processamento de 5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. A indiana já detém 100% do controle de duas usinas do grupo paranaense Vale do Ivaí, adquiridas em novembro de 2009.

Com experiência em açúcar, a Renuka procura, com sua entrada no Brasil, adquirir tecnologia em etanol e também garantir fornecimento de açúcar e etanol, diante da expressiva oscilação da produção indiana.

Segundo fontes, a Renuka definiu, antes de assinar o contrato com a Equipav, a renegociação da dívida da companhia brasileira, que se aproximou de R$ 1,5 bilhão, segundo balanço do ano passado. A pressão dos bancos foi um fator importante para que as negociações com a Renuka fossem retomadas, depois de um rompimento por parte dos sócios da Equipav. O acordo de refinanciamento da dívida inclui a opção de a indiana aumentar sua participação final nas usinas.

Com o negócio fechado, ainda segue o impasse entre a Equipav e produtores de cana. A companhia ainda não pagou ou renegociou uma dívida com os fornecedores de cana, que já atinge R$ 84 milhões. Na semana passada, os produtores ameaçaram entrar na Justiça para tentar obter o pagamento de dois anos de fornecimento de matéria-prima.

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