Mercado

Incertezas do mercado podem provocar uma nova crise de energia a partir de 2005

A sobra de energia no mercado e o baixo preço da energia estão provocando sérios problemas às concessionárias. De um lado, as geradoras não conseguem negociar os 25% da energia descontratada a partir de janeiro deste ano. De outro, as distribuidoras enfrentam problemas de caixa.

Segundo estimativas da ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, a sobra de energia no mercado pode estar entre 3,7 mil e 5 mil MW médios. Na avaliação de consultores da área de energia, a questão é mais grave. Os problemas que as concessionárias enfrentam estão correlacionados, o que aumenta o risco de uma nova crise no setor elétrico.

De acordo com o consultor Evaldo Melo, as concessionárias criaram expectativas de expansão do mercado para esse ano, o que não ocorreu devido ao racionamento de energia. O resultado foi uma retração no consumo de energia, que voltou aos patamares de 2000, ocasionando um menor retorno dos investimentos feitos para atender ao crescimento previsto anteriormente.

“Diante desse cenário, a visão do empreendedor no curto prazo é ruim, não se sentindo incentivado a fazer novos investimentos no setor”, avalia o consultor. Com esse cenário, existe a possibilidade de um novo racionamento a partir de 2005, caso haja uma retomada no crescimento da economia e um ano ruim de chuvas.

Para Airton Artioli, gerente de Negócios da Stefanini Consultoria, as indefinições refletem a grande inércia que o setor vive em relação a novos investimentos. “Existe um grande gargalo no setor, motivado pelo racionamento de energia no ano passado. De um ano para cá, nada mudou no setor”, observa ele.

Na sua opinião, o grande problema é a falta de um modelo energético uniforme para atender a todo o sistema. Antes das privatizações, explica ele, existia o modelo estatal. Agora, uma parte do setor foi privatizada – principalmente a região Sudeste/Centro-Oeste – e a outra não. Além disso, o setor não possui uma regulamentação específica, o que deixa o investidor mais inseguro.

“Acredito que o governo atual terá muitas dificuldades pela frente para solucionar as pendências deixadas pelo antigo governo”, prevê Artioli.

(Canal Energia – 12/02)

Banner Revistas Mobile