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Incentivos refletem na produção de cana em Mato Grosso do Sul

O incentivo à atividade sucroalcooleira em Mato Grosso do Sul já está dando resultados. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Estado é o sexto do País na produção de cana-de-açúcar. A previsão da safra 2008/2009 é de processamento de quase 23 mil toneladas, sendo que cerca de 6,5 devem ser transformadas em açúcar e o restante, equivalente a quase 70% da produção, será destinado à fabricação do álcool combustível.

Mato Grosso do Sul está atrás apenas de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Alagoas e Goiás, mas o planejamento é para que até 2012 o Estado seja o vice-líder nacional. A previsão é do secretário-adjunto de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo, Wilson Roberto Gonçalves. Os motivos apontados são as condições favoráveis de clima e solo, além dos incentivos para instalação de indústrias no Estado.

Em 2007, Mato Grosso do Sul foi o que mais expandiu a área plantada de cana-de-açúcar. Cultivaram-se 43 mil hectares a mais, o que corresponde a um aumento de 27% em relação ao ano anterior. Outro reflexo é a mudança da preponderância de produção. Há menos de cinco anos, a grande maioria da cana beneficiada virava açúcar. A previsão é de que na safra 2008/2009 apenas 30% tenham esse destino.

Os números mostram que os agricultores já estão se preparando para abastecer as indústrias locais. Até 2009, 22 novas usinas sucroalcooleiras estarão funcionando em Mato Grosso do Sul.

Sem riscos

As grandes dúvidas sobre os riscos da cultura da cana-de-açúcar e da fabricação de biocombustíveis estão sendo esclarecidas por especialistas. Estudiosos como o ex-ministro José Goldemberg defendem a produção. “A cana-de-açúcar não é vilã, responsável pela diminuição da produção e aumento no preço dos alimentos. A área plantada corresponde a cerca de 3% de toda a área destinada à agricultura no Brasil. O arroz, sim, está interferindo nos preços e não tem nada a ver com biocombustível”, disse o físico nuclear, em entrevista ao Primeira Notícia desta quarta-feira.

O especialista aponta outros três mitos, além da possibilidade de fome no mundo, para a rejeição ao álcool combustível. O primeiro é a idéia de que está havendo desmatamento para plantação da cana-de-açúcar. Goldemberg afirma que isso não é verdade porque o produto está substituindo áreas antes ocupadas pela pecuária e outras culturas.

O segundo é que não haveria redução do efeito estufa. O ex-ministro refuta a afirmação dizendo que a emissão de gás carbono é neutra nos carros movidos a etanol, já que o que emite é reabsorvido do ar pela matéria-prima. Além disso, as indústrias sucroalcooleiras usam como fonte de energia o bagaço da cana.

O último mito atacado por Goldemberg é o da inviabilidade econômica da produção fora de nichos, o que não corresponde à realidade, observada a grande procura por tecnologia e troca de experiências com o Brasil, bem como o interesse de países como os Estados Unidos.

Geração de empregos

No Estado, o incentivo à produção de cana-de-açúcar e instalação de usinas sucroalcooleiras vai além da proposta de diversificação de base econômica. A geração de empregos é um reflexo direto da medida. “Com o aumento da área plantada e maior número de indústrias instaladas, não há só crescimento econômico, mas também de mercado de trabalho. A expectativa é gerar 70 mil empregos diretos e mais de 230 mil indiretos, com média salarial de R$ 1 mil. Mato Grosso do Sul vai sair do setor primário para o industrial”, disse o secretário-adjunto da Seprotur.

Para garantir que esses postos sejam ocupados por sul-mato-grossenses, a Fundação de Trabalho e Qualificação Profissional de Mato Grosso do Sul (Funtrab) está preparando um curso de qualificação profissional com a intenção de formar mão-de-obra para trabalhar nas usinas.

Como ressalta o governador do Estado, André Puccinelli, não é só na indústria que as vagas são abertas. “São várias alternativas desde a plantação até o beneficiamento. Também influencia no desenvolvimento de outros setores. O mercado de trabalho é favorecido, empregos são gerados e há maior circulação de riquezas”, concluiu.

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