Mercado

Importações superam as exportações

O superávit acumulado no ano supera US$ 30 bilhões; o saldo de novembro é de US$ 2 bilhões. A balança comercial encerrou novembro com saldo positivo de US$ 2,077 bilhões. Com esse resultado, subiu para US$ 30,196 bilhões o superávit comercial acumulado no ano, próximo aos US$ 32 bilhões previstos para 2004. No mês passado, as exportações atingiram a cifra recorde de US$ 8,159 bilhões ante importações igualmente recordes de US$ 6,082 bilhões.

As transações do Brasil no comércio internacional feitas no mês passado mostraram que pela primeira vez no ano as importações ocuparam o lugar das exportações na liderança da expansão da corrente de comércio. As importações de novembro foram as maiores do ano, enquanto que as exportações foram as menores desde junho.

Dados divulgados ontem pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior mostraram que as exportações avançaram 36,4% em relação a novembro de 2003. Na comparação com outubro, o recuo de 7,7% atestou uma desaceleração no ritmo de evolução das exportações.

No lado das importações, porém, a alta foi de 42,7% frente a novembro de 2003, acompanhada de um acréscimo de 4,2% sobre outubro. “Agora, proporcionalmente, as importações estão crescendo mais que as exportações. Em novembro, houve um impacto grande das compras natalinas, representadas por bens de consumo, com aumento superior a 40%. Também foi grande a importação de matérias-primas e insumos vinculados ao setor industrial”, comentou o secretário da Secex, Ivan Ramalho.

Em novembro, os itens importados que apresentaram as mais expressivas taxas de elevação foram combustíveis e lubrificantes (83,6%), bens de consumo (43,1%), matérias-primas e intermediários (39%) e bens de capital (28,1%).

Com o resultado isolado de US$ 6,082 bilhões do último mês, subiu para US$ 57,084 bilhões o total das importações acumuladas até novembro. Na avaliação de Ivan Ramalho, a meta de US$ 62 bilhões estipuladas para as importações para este ano deverá ser cumprida com uma ligeira folga com os resultados esperados para dezembro.

As exportações de US$ 8,159 bilhões mantiveram o crescimento, mas perderam fôlego. Para o titular da Secex, é prematuro vincular a perda da força das vendas no exterior à valorização do real. “Esse é um tema que nos preocupa e estamos avaliando”, disse. O dólar – moeda que responde por 95% das receitas obtidas com as exportações – encerrou novembro em R$ 2,7330, com queda de 4,40%. No ano a desvalorização foi de 5,49%.

Ivan Ramalho salientou que há outros fatores que devem ser considerados na análise do comportamento das vendas feitas no exterior a exemplo das cotações das commodities e dos preços dos itens com maior peso na pauta. No último mês, verificaram-se expressivas elevações nos preços de laminados planos (74,5%), semimanufaturados de ferro e aço (83,1%), carne suína (35,4%), café em grão (27,3%) e açúcar refinado (22%).

Um dos destaques em novembro foi o bom desempenho das vendas para os Estados Unidos e a Argentina (veja matéria sobre o comércio bilateral nesta página), os dois maiores parceiros comerciais do Brasil e os maiores compradores de produtos industrializados. Para o mercado americano as exportações cresceram 50,5%, devido a maiores embarques de aeronaves, produtos siderúrgicos, máquinas, madeira, petróleo, calçados, produtos químicos e café. Esse avanço esteve em parte atrelado à valorização dos preços dos produtos importados pelos Estados Unidos.

Para a Argentina, o acréscimo das vendas foi de 40,6%, influenciado pelo maiores embarques de automóveis e auto-peças, máquinas, eletroeletrônicos, produtos químicos, produtos siderúrgicos e minério de ferro. No acumulado em 12 meses, a corrente de comércio (exportações somadas às importações) brasileira atingiu a cifra recorde de US$ 155,109 bilhões, o correspondente a 28% do PIB.

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