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Hortifrútis elevam inflação em SP

Uma alta nos preços da gasolina neste mês poderia elevar a inflação para um patamar acima de 1% na cidade de São Paulo. Essa era a previsão da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) no início do mês.

A gasolina não subiu na bomba, mas, mesmo assim, a inflação poderá superar 1%. É a nova estimativa da Fipe para este mês.

Que a inflação ia subir para os paulistanos já era previsto, devido aos aumentos de energia elétrica, telefones e planos de saúde. Apareceu, no entanto, um novo foco de pressão vindo dos “in natura”: tomate, cebola e batata.

Juntos, esses seis itens foram responsáveis por 72% da inflação de 1,03% nos últimos 30 dias até 23 deste mês. Essa é a maior taxa de inflação desde o 1,2% da primeira quadrissemana de março do ano passado.

A previsão de inflação para este ano continua em 6%, segundo a Fipe. A taxa acumulada de janeiro a julho está em 3,37% e, nos últimos 12 meses, em 6,29%.

Paulo Picchetti, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, diz que a pressão dos “in natura” foi uma surpresa. O aumento de preços desses produtos ocorre porque houve redução da área de plantio, agravada ainda mais por problemas climáticos nos últimos meses.

Os pesquisadores da Fipe registraram aumentos de 28% para a cebola, de 27% para o tomate, de 24% para a batata e de 18% para o mamão nas feiras e supermercados paulistanos pesquisados no período.

Já o aumento da energia elétrica, com maior peso no bolso dos consumidores do que os produtos “in natura”, foi de 8,7%; o de telefone, 5,1% e o dos planos de saúde, de 3,8%.

Prever preços agrícolas é realmente complicado. O arroz, distante do período de safra e entrando no período de entressafra, está com queda de 5% no acumulado em 30 dias.

Já o açúcar, em plena safra da cana, continua com alta. A pesquisa mais recente da Fipe mostra elevação de 14% nos preços do produto no varejo.

Pressão passageira

Picchetti diz que a inflação vive um momento “sazonal”. Em setembro, o peso das tarifas será menor, e a oferta dos hortifrútis, maior. Com isso, a taxa de inflação vai recuar em relação ao patamar deste mês. O coordenador da Fipe não quis fazer estimativa para o próximo mês.

Se as pressões inflacionárias deste ano estão acabando, o mesmo não se pode dizer de 2005. A meta é de 4,5% para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), mas só as tarifas públicas devem ter reajuste de 6% a 6,3% no próximo ano. Esse item representa pelo menos 30% do IPCA.

Esse aumento é praticamente garantido porque a política monetária do governo age apenas sobre os preços livres, principalmente os industrializados, e não tem efeito sobre os preços administrados.

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