A japonesa Honda Motor – que venceu os rivais do mundo na década de 1970 ao apresentar o primeiro motor a gasolina que atendia às diretrizes dos Estados Unidos quanto à limpeza do ar -anunciou que desenvolveu um novo e simples sistema de motor e transmissão a diesel que é tão limpo quanto os carros movidos a gasolina.
Além disso, a companhia informou que desenvolveu um sistema bicombustível que funciona com qualquer proporção de álcool e gasolina entre os níveis de 20% e 100%. A montadora venderá o sistema no Brasil, maior mercado mundial para veículos movidos a álcool, ainda este ano.
– No futuro, o carro verde por excelência será o movido a bateria. Mas, por enquanto, você precisa de uma grande variedade de tecnologia verde para atender às diversas necessidades e ofertas de combustíveis locais – disse o presidente-executivo da Honda, Takeo Fukui.
A tecnologia diesel representa um grande passo à frente por parte da Honda, em um momento em que os rivais lutam para apresentar formas para cumprir os mais rígidos padrões relativos à regulamentação de emissões, chamados Tier II Bin 5, que os Estados Unidos vão introduzir no ano que vem.
Os motores a diesel, que atualmente impulsionam metade dos novos carros na Europa, aos poucos se tornam atraentes para os consumidores preocupados com o consumo de combustível em todo o mundo, já que normalmente conseguem uma quilometragem 30% melhor do que com gasolina. A fraqueza desses motores é o nível mais elevado de emissão de óxido de nitrogênio (NOx), um dos gases causadores do “efeito estufa”.
A Honda informou que seu novo sistema a diesel tem uma tecnologia que gera e armazena amônia dentro de um conversor catalítico de duas camadas, transformando o óxido de nitrogênio em nitrogênio, um gás inofensivo.
Os engenheiros da Honda disseram que essa tecnologia é superior ao processo apresentado pioneiramente pela alemã DaimlerChrysler porque esse último exige o acréscimo de um sistema complexo de pesados dispositivos para gerar amônia a partir de aditivos à base de uréia.
Porém, ainda existem algumas dificuldades técnicas.
O sistema a diesel da Honda precisa de ajustes finos para a grande variedade de índices de cetano no diesel vendido nos Estados Unidos. A Honda também precisa desenvolver tecnologia para medir os níveis de emissão segundo as exigências do sistema OBD (On-Board Diagnostic) dos Estados Unidos.
– Da mesma forma como preparamos o caminho para motores a gasolina mais limpos, assumiremos a liderança no progresso dos motores a diesel – disse Fukui em entrevista coletiva à imprensa no centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Honda, ao norte de Tóquio.
Fukui disse que a Honda estará “aberta à consideração” sobre licenciar sua tecnologia diesel quando ela for aperfeiçoada.
A Honda há muito está na vanguarda da tecnologia de propulsores verdes. O avanço mais famoso talvez tenha sido o desenvolvimento, em 1973, do motor CVCC (sigla em inglês para combustão controlada por vórtex composto), que deu o nome ao seu popular Civic.
Este ano, a empresa se tornou a primeira no mundo a anunciar voluntariamente metas globais para a redução do dióxido de carbono de seus produtos e processos de produção.
Em uma demonstração de outras novas tecnologias de geração de energia, a Honda também exibiu um protótipo da nova geração de seu veículo movido a bateria, que funciona com um conjunto de baterias compacto e mais potente.
O novo sistema é projetado de forma a permitir que o hidrogênio e a água formados durante a geração de eletricidade fluam verticalmente e não horizontalmente, o que reduz em 20 por cento o tamanho do conjunto e em 30 por cento o peso do componente, em relação à sua versão anterior.
O novo carro a bateria da Honda, FCX, tem agora uma autonomia de 570 quilômetros, uma melhora de 30 por cento em relação ao modelo de 2005, velocidade máxima de 160 quilômetros por hora e pode ser dirigido a temperaturas de até 30 graus Celsius negativos.
A Honda pretende pôr o carro no mercado, em números limitados, em 2008 no Japão e nos Estados Unidos.