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Hidrogênio verde pode posicionar Brasil como potência energética nos próximos anos

Terceiro dia da Fenasucro & Agrocana também discutiu sobre etanol de segunda geração (E2G); assuntos são os mais promissores quando se trata de bioenergia

Murilo Borges
Murilo Borges

“A idade da pedra não acabou por falta de pedra. A idade do petróleo irá acabar muito antes que o mundo fique sem petróleo”. Foi com essa frase impactante – de autoria do Sheik Ahmed Zaki Yamani, ministro do Petróleo da Arábia Saudita entre 1962 e 1986 -, que o gerente de Engenharia de Processos da Reunion Engenharia, Murilo Borges, iniciou sua apresentação “Hidrogênio Verde – Perspectivas e Possibilidades”, na manhã desta quinta-feira (17), durante o Seminário STAB Industrial na 29ª Fenasucro & Agrocana, em Sertãozinho -SP.

“Uma coisa não precisa acabar para começarmos a desenvolver outra. Se o mercado está pedindo soluções sustentáveis, é para lá que nós vamos”, indicou.

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O tema tem ganhado cada vez mais destaque no Brasil, especialmente nos últimos dois anos. No início deste mês, inclusive, o governo do Estado de São Paulo reforçou seu compromisso de estar na vanguarda da transição energética e do desenvolvimento de novas tecnologias de energia verde com o lançamento da primeira estação de abastecimento de hidrogênio renovável a partir do etanol do mundo. A iniciativa é uma parceria da USP com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e empresas privadas do segmento.

“Nesse processo de descarbonização que estamos passando, o hidrogênio verde se apresenta como uma alternativa energética bastante viável”, pontuou Murilo.

Por que o Brasil está no centro dessa tendência?

Um estudo realizado em 2020, projetando quanto seria o custo de produção de hidrogênio em 2030, colocou o país no topo do ranking com o menor custo. Borges explicou que existem diferentes formas de produzir o hidrogênio. Uma delas é pela eletrólise da água. Mas, para isso, é preciso muita água e eletricidade.

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No setor sucroenergético, as principais formas de produção de hidrogênio verde são pela reforma do metano, biometano, do etanol e do bagaço da cana-de-açúcar. A versatilidade se faz presente, ainda, na aplicação desse vetor energético. Majoritariamente empregado nas próprias usinas, atualmente, o hidrogênio verde tem um enorme potencial de mercado a ser desenvolvido, como no ramo automotivo, por exemplo. Outra vantagem, no caso do etanol, é a questão da distribuição nos postos de combustíveis.

“Esse é um caminho sem volta, que trará benefícios a todos os envolvidos, inclusive o consumidor final. A demanda só tende a aumentar nos próximos anos”, enfatizou. O desafio, agora, segundo Borges, é alinhar o desenvolvimento tecnológico com a viabilidade econômica, além de encontrar métodos seguros de armazenamento e de transporte.

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