Mercado

Guarani amplia capacidade de moagem de cana

Empresa do grupo Béghin-Say investirá R$ 84 milhões para ampliar a capacidade de processamento de matéria-prima. A Açúcar Guarani, que fatura R$ 322 milhões, vai aumentar em 50% a sua capacidade de moagem de cana-de-açúcar. A empresa, pertencente ao grupo francês Béghin-Say vai investir R$ 84 milhões para ampliar o volume de processamento para 6 milhões de toneladas de matéria-prima, em relação aos atuais 4 milhões de toneladas, segundo informa Antonio Alberto Stuchi, diretor de produção da empresa, localizada no município de Olímpia (SP).

“Estamos avaliando a possibilidade de investir também na co-geração de energia elétrica a partir do bagaço de cana-de-açúcar”, disse o executivo.

Investimento gradual

O investimento é gradual e a usina vai aumentar ano a ano o esmagamento, segundo Stuchi, atingindo a capacidade total em 2007. Nesta safra, a usina processou no total cerca de 3,8 milhões de toneladas de cana. Em 2004, o volume deverá totalizar algo em torno de 4,5 milhões de toneladas e em 2005, cerca de 5,3 milhões de toneladas. “Até o momento já investimentos R$ 38 milhões e nos próximos seis meses o total investido deverá atingir R$ 50 milhões.”

O volume de recursos necessário que a Açúcar Guarani atinja a capacidade para esmagar 6 milhões de toneladas é estimado em R$ 70 milhões, e há a previsão de que outros R$ 14 milhões sejam destinados pela empresa ao investimento em co-geração de energia. “Ainda estamos avaliando este mercado e a decisão final dependerá da tarifação do setor”, disse.

A empresa tem duas unidades de produção, a Cruz Alta, localizada em Olímpia, e a Severínia, no município de mesmo nome, distante 40 quilômetros da primeira.

Com o aumento da capacidade de produção, a empresa precisará ampliar a quantidade de matéria-prima e para isso já desenvolve um programa com produtores na região para que o abastecimento seja suprido sem maiores problemas. Áreas de pastagens e principalmente de laranja estão sendo ocupadas por canaviais próximas às indústrias, nas regiões compreendidas por São José do Rio Preto e Catanduva, próximas a Olímpia, informa Jaime José Stupiello, gerente agrícola da Açúcar Guarani. De acordo com o técnico, serão necessários mais 35 mil hectares de cana-de-açúcar por safra para atender a nova capacidade total, a partir de 2007. O programa começou em 2002 com o aumento de 9 mil hectares e mais 9 mil hectares foram implantados neste ano. “Já atingirmos praticamente metade do objetivo”.

Segundo estudo elaborado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP), a área ocupada por cana em 41 municípios das áreas de abrangência da Coordenadoria de Assistência Técnica (CATs) de São José do Rio Preto e Catanduva aumentou 203% nos últimos 12 meses, enquanto a ocupação de laranja recuou 12,6% e as pastagens, 5,8%.

Mercado externo

Com a safra de cana-de-açúcar praticamente já encerrada – os usineiros do Centro-Sul já estão em fase final de esmagamento embora as empresas do Nordeste estejam em plena atividade -, as atenções voltam-se para as vendas antecipadas da próxima safra.

Segundo Julio Maria Martins Borges, diretor da Job Consultoria, mais de 30% da previsão do açúcar a ser exportado no próximo ano já está negociado pelos usineiros com as tradings. “Normalmente nesta época algo em torno de 30% já está fechado, mas este ano o movimento é maior”, diz Borges.

Segundo o consultor, a expectativa do mercado é de que os preços possam cair ainda mais. Atualmente, o açúcar demerara está cotado a 6,25 centavos de dólar por libra-peso na Coffee, Sugar and Cocoa Exchange (CSCE), de Nova York. Os preços do açúcar refinado estão em US$ 189 por tonelada na London International Financial Futures and Options Exchange (Liffe).

O Grupo Cosan, um dos principais produtores de açúcar do Brasil, mantém o volume de vendas antecipadas, segundo informa o diretor Pedro Mizutami. “Praticamente 50% do volume de açúcar que será destinado ao mercado externo está vendido”, afirma. A empresa esmaga por ano 27 milhões de toneladas de cana em 12 unidades todas no estado de São Paulo.

O Grupo J.Pessoa também confirma as vendas antecipadas, mas não em volumes expressivos. “Esperamos aumento nos preços internacionais do açúcar”, afirma o empresário José Pessoa de Queiroz Bisneto, presidente do grupo.

A produção brasileira de açúcar deverá crescer 7%, para 24 milhões de toneladas, e a de álcool deve subir 10%, para 14 bilhões de litros.

Banner Revistas Mobile