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Grupo Tavares de Almeida eleva investimentos em cana e usinas

Mais conhecido por seus braços financeiro, hoteleiro e de bebidas, o Grupo Tavares de Almeida, criado há 60 anos e ainda controlado pela família fundadora, tem hoje na frente sucroalcooleira o principal motor para a expansão de seus negócios.

Concentradas na divisão agroindustrial do conglomerado, as atividades nesse campo são encabeçadas pela Agrícola Almeida, fundada em 1980 no município de Itapetininga, no interior de São Paulo. Ali os Tavares de Almeida plantam 20 mil hectares de cana.

“A área cresceu de 7 mil para 20 mil hectares nos últimos dois anos, e nos próximos dois queremos chegar a 25 mil”, diz Manuel R. Tavares de Almeida Filho, diretor presidente do grupo. É a coligada Agroindustrial Vista Alegre que processa a cana da Agrícola Almeida, e na usina a capacidade de processamento também é crescente.

Com a ampliação da área plantada, adianta Tavares de Almeida, a meta para a usina é atingir uma capacidade de 2,5 milhões de toneladas de cana por safra. “A ideia é chegar a 3,5 milhões”.

Com 1,6 mil colaboradores, a Vista Alegre exporta praticamente 100% do açúcar que produz; no caso do etanol, cerca de 20% da produção é destinada ao mercado doméstico, sustentado pelo sucesso dos veículos flexfuel.

Notória na gestão do Banco Luso Brasileiro ou dos negócios imobiliários, a postura conservadora do Grupo Tavares de Almeida também pode ser observada na área sucroalooleira. Exemplo disso é que 100% da cana da Agrícola Almeida é própria, raridade em um segmento que costuma trabalhar com fornecedores terceirizados.

“É um modelo mais seguro, ainda que exija uma alavancagem financeira maior, já que temos que investir mais em cana, máquinas e transporte de funcionários, entre outros custos. Mas os recebíveis também são próprios”, afirma o presidente.

As ampliações realizadas nos dois últimos anos nesta frente, que consumiram investimentos totais da ordem de R$ 300 milhões – os aportes para os dois próximos anos estão sendo definido -, também estimularam o grupo a elevar a aposta em cogeração de energia elétrica a partir do bagaço de cana.

Os Tavares de Almeida acabam de firmar um acordo com o Grupo Rede para jogar no sistema da concessionária o excedente de energia gerada pela Vista Alegre, onde a capacidade de geração foi incrementada com este fim.

Parte do pacote de aportes, a elevação levou a geração a 60 megawatts-hora (MWh), para um consumo próprio de 20 MWh. O contrato com o Grupo Rede renderá à Vista Alegre R$ 350 milhões em 15 anos. Não é o único.

Desenvolvida em parceria com as empresas Tejofran e Zogbi, a nova usina do Grupo Tavares de Almeida no município de Cerqueira César, em São Paulo, também foi preparada para vender energia ao sistema elétrico.

Neste caso, o c ontrato firmado com o Grupo Rede, também válido por 15 anos, alcança R$ 300 milhões. Erguida a partir de investimentos conjuntos de R$ 400 milhões – parte financiada pelo BNDES -, a usina inicia a moagem de cana no próximo dia 20.

Nesta safra 2009/10, que já começou, a expectativa é que a moagem em Cerqueira César chegue a 1,6 milhão de toneladas de cana. A partir de 2012, o plano dos três sócios prevê uma expansão 2,5 milhões. Ali, a área de plantio de cana soma 17 mil hectares. Em Manduri, na mesma região de Avaré, os Tavares de Almeida são donos da Fazenda São Benedito, que abriga 650 hectares de cana.

“Já incluindo a cogeração, nosso faturamento no segmento sucroalcooleiro deve atingir R$ 350 milhões em 2009, levando-se em consideração que em Cerqueira César a receita é dividida. Em 2008, foram R$ 120 milhões. Em faturamento, já é a frente mais importante do grupo”, diz Manuel Tavares de Almeida Filho.

Mas relação do grupo com o campo não se limita no plantio de cana para a produção de açúcar e etanol. Por meio da Indústria de Aguardente Tatuzinho, localizada na paulista Rio Claro, produz as cachaças Tatuzinho, Velho Barreiro e 3 Fazendas, além de águas aromatizadas e energéticos.

São, no total, 50 milhões de litros de cachaça por ano, destinados aos mercado doméstico e externo. A cana para essa produção (pelo menos 400 mil toneladas por ano), concentrada no Engenho São Pedro Agro Industrial, na cidade de São Pedro, vem da coligada Agrícola Bela Vista, que tem uma área de plantio de 5,1 mil hectares.

A Motocana completa os negócios agrícolas dos donos do Casa Grande Hotel Resort & Spa (localizado no Guarujá, litoral de São Paulo). Situada no polo de Piracicaba, a empresa fabrica equipamentos para as áreas agrícola, florestal, industrial e rodoviária e fatura R$ 50 milhões por ano.

No campo, os negócios param por aí. Mas o interesse de Manuel R. Tavares de Almeida F ilho, não. Ele não perde os dois ou três leilões de puro sangue lusitano que acontecem em São Paulo. É quando se reúne com amigos como José Victor Oliva, Luis Ermírio de Moraes e Eduardo Fischer para um hobby que virou business, mas que hoje é novamente levado menos a sério.

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