Mercado

Governo quer evitar concentração no setor

O governo está estudando medidas de intervenção nos casos de investimento estrangeiro no setor produtivo de açúcar e de álcool e quer evitar um processo de concentração na expansão da fronteira canavieira nas mãos de poucos grupos privados. A onda de crescimento no setor deve movimentar mais de US$ 10 bilhões até a próxima década. O governo defende que essa expansão seja eqüitativa, pois os preços do açúcar e do álcool estão altos e os fornecedores continuam recebendo um preço muito baixo pela cana, explicou o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.

Entre as ações federais previstas, informou, está o incentivo à formação de conselhos paritários entre usinas e produtores, para a definição de preços pagos ao produtor nas novas áreas de expansão fora do Estado de São Paulo. Rodrigues citou como exemplo o setor sucroalcooleiro paulista, que já possui o Conselho dos Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Estado do São Paulo (Consecana), entidade que normatiza as relações entre as duas partes e define os preços pagos pela indústria ao produtor. Vamos monitorar isso, pois queremos que haja entendimento na cadeia produtiva para que haja equilíbrio e um trabalho de forma institucionalizada. A segunda ação do governo promete ser mais polêmica. Como o Brasil é o único país capaz de suprir fortes demandas de álcool, vários grupos estrangeiros demonstraram interesses em produzir o combustível aqui para consumo nos países de origem. Segundo o ministro, embora essa demanda abra um potencial imenso para o Brasil, também preocupa o governo, já que o álcool é considerado um produto estratégico e energético. Como vamos agir em relação à presença de grupos estrangeiros que querem vir aqui e garantir a produção de etanol só para eles?, indagou. Eu defendo que a indústria possa ser multinacional, mas que a matériaprima seja produzida apenas por agricultores brasileiros.

CRESCIMENTO

De acordo com estudo da Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool, até 2010/2011 a demanda de etanol no País deverá crescer 2 bilhões de litros ao ano, em média, e saltar de 16 bilhões para 26 bilhões de litros. A entidade consultiva do Ministério da Agricultura estima que serão instaladas e reativadas 73 novas unidades sucroalcooleiras entre as safras 2004/2005 e 2010/2011, média de pouco mais de dez usinas ou destilarias por ano. Se os números se confirmarem, o parque sucroalcooleiro saltaria das 343 usinas e destilarias para 416 em 2010/2011. Outras 49 plantas de produção de álcool e açúcar devem ser ampliadas.

Dos mais US$ 10 bilhões de dólares previstos para serem investidos nos setor, metade iria para novas unidades, US$ 2 bilhões para ampliação das já existentes e mais de US$ 3 bilhões para a expansão da área agrícola. Para o presidente da Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, as estimativas feitas do órgão consultivo ao Ministério da Agricultura são conservadoras, pois não incluem possíveis aumentos na exportação de álcool. Carvalho projeta que, só na futura produção de açúcar e álcool, as novas unidades devem criar entre 300 mil e 400 mil empregos diretos.

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