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Governo quer desoneração de carros com combustíveis limpos

O governo está finalizando uma política de redução definitiva de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos menos poluentes. Em contrapartida, as empresas terão que investir mais em tecnologia para desenvolver motores mais eficientes e que emitam uma menor quantidade de gases nocivos ao meio ambiente, como o CO2. A discussão passa por três eixos: emissão-eficiência, tecnologia e competitividade.

Um dos impasses que tem travado a discussão dentro do governo passa por um posicionamento do Ministério da Agricultura. A necessidade de redução de poluentes é um consenso, mas, para técnicos da pasta, essa diminuição tem de vir acompanhada de uma maior eficiência dos motores em relação à queima de combustíveis. A avaliação é a de que o automóvel brasileiro é “gastão” e a indústria nacional tem condições de tornar o consumo energético menor. A dificuldade em aperfeiçoar os veículos estaria na pressão que as montadoras, grandes empregadoras e pagadoras de impostos, fazem no governo. Os estudos do governo consideram o modelo europeu, onde carros com motores mais potentes são menos poluentes.

Além de trazer uma redução da emissão de gases, a nova política faria com que a demanda por álcool e gasolina também fosse menor. A redução do uso de combustíveis é um objetivo que o governo tem neste momento em que elabora uma série de medidas para evitar a oscilação drástica dos preços do álcool. Essa volatilidade é consequência da oferta e da demanda do produto, de acordo com os períodos de safra e entressafra da cana-de-açúcar. Quando os canaviais estão produtivos, o preço do etanol cai nas bombas e, no intervalo entre o fim da produção e início de uma nova plantação, dispara.

A Anfavea tem defendido a necessidade de priorizar os carros bicombustíveis, já que o Brasil é líder na tecnologia do uso do etanol como combustível.

O País, no entanto, já encontra um obstáculo que é justamente o descompasso entre o crescimento da oferta de álcool no Brasil e o aumento da velocidade do consumo. Assim, se apenas houver aumento do número de veículos que utilizam etanol no País, os preços tendem a continuar a disparar em cada um dos finais de ciclo de cana.

A situação poderia até se agravar, mantendo os preços elevados por mais tempo, o que traria um novo problema para o governo: o impacto na inflação.

Participante da Comissão de Energia e Meio Ambiente (Cema) da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Henry Joseph Júnior, salientou que os estudos do governo para incentivar o uso de combustíveis alternativos e reduzir a emissão de gases não são novos. Porém, Henry Joseph disse desconhecer, porém, a discussão sobre melhora do perfil energético dos automóveis.

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