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G-20 pede esforço maior nas negociações da OMC

Os ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais das 20 nações industrializadas e emergentes mais importantes (G-20) reafirmaram ontem previsões de expansão média de 3,5% a 4% da economia mundial nos próximos anos, mas pediram a retomada das negociações da rodada global na Organização Mundial de Comércio OMC), que entraram em pane na reunião ministerial de Cancún, em setembro. “Os ministros das Finanças têm a responsabilidade de ver o quadro mais amplo do comércio mundial, e creio que houve um forte sentimento nesta reunião de que devemos encorajar nossos governos a renovar os esforços (para fazer avançar a Rodada Doha)”, afirmou o vice-primeiro-ministro do Canadá, John Manley, que chefiou a delegação de seu país.

Reunidos por dois dias na cidade de Morélia, no México, os ministros identificaram o alto endividamento dos países da América Latina como uma fonte potencial de instabilidade no sistema financeiro internacional. O comunicado final do encontro incluiu uma manifestação favorável à continuação do exame de mecanismos que ajudem a evitar essas crises, ampliando o acesso dos países em desenvolvimento endividados a recursos oficiais, em caráter preventivo.

A iniciativa de incluir essa linguagem no texto partiu da delegação brasileira, que foi comandada pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e obteve apoio de vários países, entre eles México, Inglaterra e Alemanha, disse secretário internacional do Ministério da Fazenda, Otaviano Canuto, que representou o ministro Antônio Palocci nas discussões. “O Brasil fez-se ouvir sobre a necessidade de reforçar a capacidade dos organismos multilaterais de agir de forma preventiva em lugar de apenas remediar crises”, disse Canuto.

O comunicado do grupo das 20 nações menciona a necessidade da continuação de estudos capazes de produzir um substituto mais efetivo à Linha de Crédito de Contingência do Fundo Monetário Internacional (FMI), que expirará em novembro sem que jamais tenha sido usada. Com forte apoio do Brasil, este G-20 (e não o grupo formado no âmbito da OMC) surgiu no final dos anos 90, após a crise financeira da Ásia, como um foro mais equilibrado de discussão das finanças globais.

O encontro deste ano não foi dominado por nenhum tema em especial. Mas vários tópicos se destacaram nas discussões, sobretudo na identificação dos problemas que poderão dificultar o panorama geralmente positivo que os ministros descreveram para a economia internacional no futuro previsível. Um deles foram os déficits fiscal e comercial recordes dos Estados Unidos, que alimentam o debate no setor industrial americano sobre se a política cambial da China, que mantém a relação entre o yan e o dólar fixa há dez anos, dá uma vantagem injusta aos exportadores chineses.

Os ministros reiteraram recomendação de reuniões anteriores em favor da adoção de políticas e de mecanismos de monitoramento e de combate aos fluxos ilegais de dinheiro no sistema bancário mundial – um problema identificado na década passada, mas que ganhou espaço na pauta do G-20 e de outros foros após os ataques de 11 de setembro de 2001 nos EUA.

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