Mercado

Fungo controla broca gigante

JC 167 – Uma parceria entre a empresa Biocontrol, de Sertãozinho, SP, e a Usina Jayoro, de Presidente Figueiredo, AM – localizado a 107 quilômetros de Manaus -, está possibilitando o desenvolvimento de um sistema eficiente para o controle da broca gigante (Telchin licus licus), praga de difícil erradicação que tem afetado canaviais da região Norte/Nordeste. A utilização de um bioinseticida – feito

com o fungo Beauveria bassiana – durante a operação de corte mecanizado em um talhão de 10 hectares, por meio de um pulverizador adaptado à colhedora de cana-de-açúcar, proporcionou uma redução de 60% da população de lagarta por hectare em relação à testemunha

trinta dias após a aplicação, que aconteceu no mês de julho.

O resultado, considerado altamente positivo, está fazendo com que a empresa de Sertãozinho planeje, juntamente com a Jayoro, um novo experimento para a avaliação de perfilhamento da planta, produtividade do canavial, população da praga, entre outros itens,

de acordo com o engenheiro agrônomo José Francisco Garcia, que é responsável pela área de Pesquisa & Desenvolvimento da Biocontrol. A empresa deverá testar, num segundo momento – provavelmente

em 2008 –, o produto e o sistema de aplicação em canaviais do Nordeste. Até agora, o combate à broca gigante gigante tem sido feito, predominantemente, por meio de controle mecânico com o uso de espeto que tem a finalidade de afetar fisicamente a lagarta. Há

ainda a coleta de adultos com o uso de puçás. Os dois sistemas apresentam, no entanto, baixa eficiência e custo elevado devido à necessidade de envolvimento um número significativo de trabalhadores

nessas atividades. O sistema de aplicação do bioinseticida, colocado em prática pela Biocontrol e Jayoro, consegue “driblar” as dificuldades de controle em decorrência do comportamento desse inseto. “Durante o corte mecanizado, a broca gigante sente a vibração da máquina e se protege na base da touceira da planta”, explica Garcia, que possui doutorado na área de Entomologia pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), de Piracicaba,

SP. O mesmo acontece na colheita manual, quando o inseto percebe a presença do fogo. Após o corte, a lagarta retorna para a parte posterior do colmo, mas fecha o orifício por meio de um processo natural de “tamponamento”, que impede a atuação de qualquer produto. É justamente neste intervalo entre uma ação e outra, que demora

de cinco a dez minutos, que o bioinseticida – aplicado durante o corte mecanizado – vai agir, “contaminando” o canavial com o inimigo natural da praga.

Banner Revistas Mobile