Mercado

Fundo terá US$ 1 bilhão para usinas

O banco francês Société Générale anunciou a criação do fundo de private equity Bioenergy Development Fund (BDF) para investir em bioenergia no Brasil. O fundo terá disponível cerca de US$ 1 bilhão para comprar participações de 20% a 25% em grupos de açúcar e álcool localizados em regiões estratégicas do Brasil.

É a primeira vez que o Société Générale investe em um fundo voltado para açúcar e álcool no mundo, de acordo com François Dossa, diretor-presidente do banco francês no Brasil.

A primeira etapa desse investimento deverá ser concluída até o fim deste ano, com recursos de US$ 500 milhões, disse ao Valor o gestor do BDF, Patrick Funaro. “Deveremos anunciar participação em pelo menos dois grupos sucroalcooleiros até dezembro”, afirmou. A expectativa é de negociar a participação de pelo menos seis usinas até o fim de 2007, quando deverão ser aplicados mais US$ 500 milhões, dobrando os investimentos do fundo no país. Até o momento já foram captados US$ 160 milhões.

Criado em janeiro de 2005, o fundo BDF tem 7,5% de participação do Société Générale. Nos últimos meses, Funaro atuou na estruturação desse produto para testá-lo junto a investidores e usinas. O fundo será 100% composto por investidores estrangeiros. Nos últimos dois meses, Funaro conversou com potenciais investidores da Europa e dos Estados Unidos. Desde 1994 no Brasil, Funaro atuou como diretor da área de açúcar e álcool da Fimat Futures, corretora sediada em Nova York e controlada 100% pelo Société Générale. Em janeiro do ano passado, foi escolhido pelo banco francês para atuar como gestor do BDF.

O foco do fundo é comprar participações minoritárias, entre 20% e 25%, de grupos de açúcar e álcool. “Os recursos que serão injetados nas usinas serão destinados à expansão e aumento da capacidade industrial desses grupos”, disse Funaro. O objetivo é de que em sete ou oito anos essas usinas estejam preparadas para processo de oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).

O BDF vai ter participação decisiva nas gestões financeiras dos grupos que forem escolhidos para os investimentos . “Faremos uma gestão complementar, uma vez que essas usinas têm a expertise em produção e expansão de unidades”, afirmou Funaro.

O fundo BDF vai priorizar usinas localizadas em regiões estratégicas, o que inclui os Estados de São Paulo, o Nordeste e Centro-Oeste. No Nordeste, as novas fronteiras agrícolas para cana-de-açúcar, como Maranhão e Piauí, estão sendo estudadas. Essas plantas deverão investir no futuro em biodiesel.

“Se esse modelo for um sucesso, a intenção do banco é criar novos fundos para investir em outros setores do agronegócio no Brasil”, disse Dossa.

A expectativa, no médio e longo prazo, é de que o fundo BDF também faça investimentos em infra-estrutura logística para açúcar e álcool no Brasil, o que inclui terminais, portos secos e armazéns. O fundo também vai priorizar trabalhos sociais em comunidades próximas às usinas escolhidas pelo BDF. “Desenvolveremos trabalhos nas áreas de saúde e educação. Também vamos priorizar a inclusão digital”, afirmou François Dossa

A entrada de fundos de investimentos no setor sucroalcooleiro do Brasil é recente. Neste ano, dois grupos de investidores anunciaram sua estréia no setor. O fundo inglês Evergreen comprou participação na usina Alcana, no norte de Minas, e pretende expandir seus negócios no país. O grupo de investidores americanos Kidd & Company comprou na sua totalidade a Copernavi, localizada em Naviraí (MS).

Banner Revistas Mobile