Mercado

FMI alerta para a queda de preços de metais e principais commodities

O Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta uma redução de preços para os metais e para a maior parte das commodities agrícolas até 2010, mas os produtores de açúcar e álcool ainda poderão ganhar com preços altos.

As cotações do petróleo continuarão elevadas e pressionarão os preços dos outros combustíveis, favorecendo os plantadores de cana, como o Brasil, e os de milho, fonte de etanol para os Estados Unidos.

O mercado de borracha natural também deverá ser afetado, porque os preços do produto sintético dependem fortemente do petróleo.

O economista-chefe do FMI, Raghuram Rajan, recomendou prudência aos países dependentes da exportação de commodities. Como os preços da maior parte dos produtos poderá cair, será bom que os governos “sejam mais cautelosos com os gastos difíceis de reverter, como os salários do setor público”.

O mais seguro, segundo Rajan, será realizar despesas que ajudem a diversificar a capacidade produtiva.

Essas projeções estão no Panorama Econômico Mundial (World Economic Outlook), distribuído em abril e setembro pelo FMI. Ontem, como de costume, foram divulgados capítulos analíticos do relatório. Os capítulos conjunturais, que avaliam as condições atuais e as perspectivas da economia mundial, serão divulgados pouco antes da próxima assembléia do Fundo, em Cingapura.

Os alimentos encareceram 18% em termos reais desde 2002 e as matérias-primas agrícolas, 7%, enquanto as cotações dos metais cresceram 180%, superando a valorização do petróleo no período.

As cotações dos produtos básicos foram puxadas principalmente pelo crescimento da China e de outras economias da Ásia.

CHINA LIDERA

Entre 2002 e 2005, a China respondeu por 86% do aumento do consumo internacional de aço. Sua influência também foi grande na expansão do consumo de outras matérias-primas: alumínio (48%), estanho (86%), cobre (51%), petróleo (30%).

Todo o consumo adicional de zinco e de chumbo é explicável pelo crescimento chinês, que também afetou fortemente o mercado de alimentos e matérias-primas agrícolas.

O crescimento econômico mundial, especialmente o da China, continuará a exigir volumes crescentes de matérias-primas de todos os tipos, mas os preços dos metais deverão cair em termos reais, segundo as projeções do FMI.

O aumento da oferta, calculam os autores do Panorama, será suficiente para equilibrar os mercados. Estima-se, por exemplo, que o consumo de alumínio aumente a uma taxa anual média de 5,6%, enquanto seu preço terá uma queda acumulada de 29%, em termos reais, até 2010. O consumo do cobre deverá crescer 4,8% ao ano, mas seu preço cairá, segundo a projeção, 53% durante o período.

AGRÍCOLA

Apesar da forte demanda, as cotações agrícolas cresceram menos que as dos metais nos últimos anos porque a agricultura, segundo a análise do FMI, responde aos estímulos do mercado com maior rapidez. Os ganhos de produtividade do setor têm sido elevados e deverão continuar nos próximos anos.

Mesmo que o crescimento chinês passe a depender mais do consumo que do investimento, a demanda de metais continuará a aumentar firmemente, de acordo com o Panorama.

Em países no estágio da China e da Índia, a elevação da renda tenderá a elevar a procura de automóveis e de outros bens de consumo que incorporam grandes quantidades de metais.

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