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Cerca de 280 mil trabalhadores rurais perderão o emprego quando entrar em vigor a legislação que proibe o uso da queima da cana na região Nordeste. O número foi apresentado pela União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida) na audiência pública do Supremo Tribunal Federal sobre o tema, nesta semana. Por isso, para a liderança presente deve haver uma transição gradual do sistema tradicional para o preconizado pela legislação que rege o setor. Outro argumento forte defendido pelos líderes do setor sucroenergético na ocasião, foi que a eliminação da queima da cana em canaviais localizados em pequenas propriedades e áreas com declividade superior a 12% aumentará o desemprego no setor canavieiro e inviabilizará grande parte das pequenas e médias propriedades dedicadas a essa cultura.
Esse foi o tom das manifestações de representantes de duas entidades de plantadores de cana de São Paulo – Organização dos Plantadores da Cana da Região Centro-Sul (Orplana) e Associação dos Plantadores de Cana do Médio Tietê (Ascana) – e uma do Nordeste – União Nordestina dos Produtores de Cana de Pernambuco –, além da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ) da Universidade de São Paulo (USP).
Ismael Perina Junior, presidente da Orplana, explica que existem áreas no estado nas quais 90% da cana já é colhida sem queima, mas o difícil é os pequenos produtores se adaptarem. A professora da ESALQ/USP, Márcia Azanha Ferraz Dias de Moraes, defendeu uma transição gradual para o novo sistema. Segundo ela, se por um lado a proibição da queima tem impacto ambiental positivo, por outro afeta negativamente a geração de empregos. Em resposta a uma pergunta se a dinamização da economia sucroalcooleira compensaria economicamente a perda de empregos, ela disse que fica difícil convencer disso os mais de 100 mil trabalhadores dessa cadeia produtiva que já perderam o emprego, em São Paulo, em virtude das novas regras.
Para a Unida, a melhor alternativa seria uma transição da legislação compatível com a realidade de adaptação do setor. “O prazo defendido pelos canavieiros do Nordeste é de no mínimo 15 anos para a lei passar a valer”, revela Alexandre Andrade Lima, presidente da Unida.
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Para ele, a prática é indispensável nas áreas com declives médios porque as máquinas são incapazes de realizar a ação. Apenas 31% dos canaviais nordestinos apresentam área plana. “O fim da queima inviabiliza mais de dois terços da cultura na região. A eliminação das queimadas de canaviais localizados em pequenas propriedades e áreas com declividade superior a 12 graus aumentará o desemprego e inviabilizará grande parte das pequenas e médias propriedades”.
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Embora seja responsável por 12% da produção de cana no Brasil, o Nordeste emprega 35% de toda a mão de obra nele ocupada. “É preciso sensibilidade para evitar um caos na região, principalmente, porque a maioria dos trabalhadores é analfabeta e terá dificuldade de ser reaproveitado em outros setores”, diz Lima.