Mercado

Fertilizante sofre com dependência externa

O setor de fertilizantes agrícolas vem investindo pesado na produção interna de insumos, mas por muitos anos ainda será dependente da importação. Especialistas da área acreditam que ao longo das próximas duas décadas esse elo de dependência ainda se manterá, apesar de o setor ter investido US$ 3,6 bilhões no biênio 2011/2012. A tendência é de pequena redução das compras externas a partir de 2017, quando os investimentos devem atingir US$ 18,6 bilhões, segundo projeção da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).

Para se ter uma ideia, o potássio, nutriente básico para a produção de defensivos, tem um índice de importação da ordem de 95%, enquanto os nitrogenados estão ao redor de 50%. As compras externas nos primeiros quatro meses de 2013 subiram 30% em comparação ao mesmo intervalo do ano passado, quando chegaram ao mercado 5,5 milhões de toneladas de matéria-prima.

“As importações devem passar de 20 milhões de toneladas para 21 milhões de toneladas neste ano (+5%). Já a comercialização de fertilizantes entre os meses de janeiro e abril somou 7,2 milhões de toneladas, alta de 4,7% sobre o mesmo intervalo do ano passado. O crescimento estimado para o ano é de 2,4%”, afirma Cleber Vieira, analista da área de fertilizantes da Agroconsult Consultoria e Projetos.

As vendas de fertilizantes estão estimadas entre 30 e 30,5 milhões de toneladas no país. David Roquetti Filho, diretor executivo da Anda, prefere manter a projeção de investimentos projetada até 2017. Os US$ 18,6 bilhões previstos até dezembro de 2017 incluem, segundo ele, US$ 6 bilhões que seriam injetados pela Vale na Argentina, projeto que foi suspenso. Roquetti Filho refere-se ao projeto de potássio no rio Colorado, onde a companhia chegou a desembolsar, de acordo o mercado, pelo menos US$ 2,2 bilhões como parte da meta de se tornar uma das maiores fornecedoras de fertilizantes do mundo.

Ainda segundo especialistas do ramo, a produção seria voltada ao Brasil, e trata-se da única mina da América Latina, com capacidade anual prevista ao redor de 4,5 milhões de toneladas.

Por outro lado, o BNDES já considera a possibilidade de expandir nos próximos anos em oito vezes os recursos para projetos de produção de fertilizantes, um dos setores mais deficitários da economia e que carece de novos investimentos para reduzir a dependência externa. O objetivo é aumentar os financiamentos para projetos de produção de três insumos – potássio, fosfato e nitrogênio – dos atuais R$ 250 milhões anuais para algo ao redor de R$ 2 bilhões em 2015. Segundo informações do banco, “o BNDES pode e tem tudo para ajudar o governo a estimular este setor”. O Brasil é quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos, Índia e China.

De acordo com a Anda, a Vale é a única companhia focada na exploração de potássio. Também pertence à mineradora o único projeto em operação que produz cloreto de potássio – insumo na fabricação de adubos -, o Taquari-Vassouras, em Sergipe, explorado desde 1992. O projeto inclui uma mina subterrânea e uma usina de beneficiamento com capacidade de produção de 655 mil toneladas por ano.

De acordo com Carlos Nogueira da Costa Jr., secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia (DNPM), a exploração das reservas de carnalita – minério do qual se extrai o cloreto de potássio -, em Sergipe, pela Vale Fertilizantes, deve contribuir para a redução da dependência de importação. O Brasil compra no exterior um volume próximo a 95% de insumo. Com a exploração das reservas de carnalita, esse número cairia gradualmente, chegando a 75% em 2020, estima o secretário.

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