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Falta de combustível e poluição fazem China se interessar por etanol

A produção de cana-de-açúcar no Brasil pode ganhar um novo impulso. Durante os próximos dias, representantes do governo chinês vão avaliar a possibilidade de importação de etanol para a produção de combustível. Um acordo que poderá render bons negócios inclusive para o setor automotivo brasileiro que aposta cada vez mais nos motores flexíveis — que utilizam álcool e gasolina ao mesmo tempo. Em 2003, a frota de carros movidos por motores bicombustível era de 48 mil carros. Já no ano passado, esse número subiu para mais 300 mil.

Ontem, em Brasília, o chefe da delegação chinesa que está visitando o Brasil, Sun Xiaokang, disse que uma das principais alternativas em estudo para reduzir a poluição nos grandes centros urbanos chineses poderá vir da ampliação do uso de combustíveis a base de fontes renováveis como o álcool de cana-de-açúcar. Ele ressaltou o interesse de seu país na tecnologia desenvolvida pelo Brasil para a produção do etanol, a base de cana-de-açúcar.

Escassez de combustível

Ontem, a comitiva chinesa se reuniu com representantes dos Ministérios do Desenvolvimento, Indústria e de Minas e Energia. “A China vem obtendo grande crescimento econômico nos últimos anos. E como conseqüência desse crescimento temos novos desafios e demandas, como, por exemplo, a escassez de combustível”, acrescenta.

Atualmente, o Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar. Nos últimos 15 anos, a produtividade passou de 62 mil para 73,7 mil quilos por hectare, crescimento próximo a 20%. No ano passado, houve um novo crescimento e a produtividade superou 74 mil quilos por hectare. E esse bom desempenho tem chamado a atenção dos chineses diz o secretario do Desenvolvimento da Produção do Ministério, Antonio Sérgio de Melo.

De acordo com ele, existe grande possibilidade de o Brasil exportar etanol para a China, muito em breve. “Temos todo o interesse. O Brasil tem intenção de exportar etanol para a China, mas sabemos que essa fase é uma discussão prévia”, analisa.

Um dos grandes diferenciais do Brasil está justamente na utilização da cana-de-açúcar para a produção do álcool, o que garante um diferencial competitivo ao produto nacional, quando comparado aos produtos extraídos do milho, trigo e beterraba. O litro do álcool no Brasil produzido a partir da cana custa em média US$ 0,20, enquanto nos Estados Unidos o preço médio por litro é de US$ 0,31 para o álcool fabricado a base de milho. Na Europa onde a base para destilação é a beterraba ou o trigo o custo é ainda mais elevado e varia entre US$ 0,48 e US$ 0,52.

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