Mercado

Excesso de açúcar deve reduzir preços

Os estoques de açúcar, que cresceram 19% ano passado, devem atingir níveis recordes nos próximos meses. Os produtores do Brasil e da Índia contribuem para o crescente excesso de oferta.

O preço do açúcar provavelmente terá uma queda de 18%, para US$ 0,10 por libra-peso até o fim do ano em Nova York, segundo o UBS AG, o Westpac Banking e Judy Ganes-Chase, ex-analista da Merrill Lynch & Co. que dirige atualmente uma consultoria. A produção do Brasil disparou e o etanol feito a partir dessa commodity pode perder atratividade à medida que o preço do petróleo bruto caia mais, depois da alta recorde registrada em 3 de janeiro.

É difícil imaginar um ambiente em que os preços dos combustíveis caem e os preços do açúcar sobem ­ disse Christoph Eibl, que administra US$ 1,4 bilhão em commodities, como fundador da Tiberius Asset Management em Zug, Suíça.

Um declínio nos preços do açúcar ameaçaria a receita de exportações do Brasil e da Índia, os dois maiores produtores do mundo, e reduziria os custos para os importadores, como a Itália e o Irã. O açúcar teve alta de 14% no mês passado, a maior em dois anos, na bolsa ICE Futures, antes de o petróleo a US$ 100 se revelar um fenômeno temporário.

Preços altos “vão estimular os produtores a não reduzirem (a safra)”, disse Ganes-Chase, da J. Ganes Consulting LLC de Katonah, Estado americano de Nova York.

Oferta deve superar demanda

A oferta mundial de açúcar deve superar o consumo em 11,139 milhões de toneladas nos 12 meses até setembro, o equivalente a 7% da demanda, e uma alta em relação ao excedente recorde de 11,045 milhões registrado na temporada anterior de negociação do produto, disse em 10 de janeiro a Organização Internacional do Açúcar (OIA), que tem sede em Londres.

Os estoques devem aumentar 10% na safra 2007-08, para 74,7 milhões de toneladas de açúcar cru, o que representa 47% do consumo anual, de acordo com a OIA.

O excedente deve totalizar 1 milhão de toneladas na safra 2008-09, devido ao aumento da produção no Brasil e à desaceleração do crescimento do consumo, disse ontem Tom McNeill, diretor da australiana Societe Kingsman SA, em uma conferência sobre a commodity em Dubai.

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