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EUA afirmam que não deverão aumentar importação de álcool

Os Estados Unidos cumprirão o plano do presidente George W. Bush de aumentar a utilização de fontes de combustíveis renováveis em sete vezes durante os próximos 10 anos sem ampliar as importações de etanol provenientes do Brasil, segundo um consultor especial da secretária de Estado norte-americana Condoleezza Rice, de acordo com as agências internacionais.

Bush transformou o etanol na viga mestra de seu plano de redução do consumo de gasolina nos EUA após solicitar que a norma federal que estabelece a utilização compulsória de biocombustíveis seja elevada para 35 bilhões de galões (132 bilhões de litros) por ano, contra os 4,7 bilhões de galões deste ano. O etanol poderá responder por cerca de 21 bilhões de galões desse total, segundo o Laboratório Nacional de Energia Renovável dos EUA, o que representa um aumento de quase quatro vezes na produção do biocombustível. O Brasil tem de pagar uma tarifa de US$ 0,54 por galão de etanol que exporta para os EUA.

“O Brasil não está em condições de exportar para os EUA”, disse em entrevista concedida em Londres no último dia 26 de fevereiro Gregory Manuel, consultor especial e coordenador internacional do setor de combustíveis do Departamento de Estado dos EUA, às agências internacionais. “O Brasil teve de reduzir recentemente suas próprias cotas de consumo (de etanol) de 25% para 20% devido ao fato de não ser nem mesmo capaz de atender à sua própria demanda interna.”

O Brasil, que é o maior exportador mundial de etanol, pretende dobrar sua capacidade produtiva de etanol até 2014, para 31 bilhões de litros, segundo a Unica (União da Agroindústria da Cana-de-Açúcar). O país, que produz etanol a partir da cana-de-açúcar, planeja dobrar suas exportações até 2010, disse no mês passado o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Os EUA produzem etanol a partir do milho, cujo preço subiu 81% ano passado.

Novas matérias-primas para a fabricação de etanol também serão utilizadas após o desenvolvimento da chamada tecnologia celulósica, disse Manuel, embora possa levar cerca de sete anos até que seja possível processar essas matérias-primas em escala industrial. O etanol celulósico pode ser fabricado a partir de várias fontes, entre as quais a switchgrass (gramínea nativa da América do Norte cujo nome científico é Panicum virgatum), aparas de madeira e outros refugos agrícolas.

É improvável que a produção de etanol celulósico alcance mais de 6 bilhões de galões até 2017, disse Dan Arvizu, diretor do Laboratório Nacional de Energia Renovável dos EUA, sediado no Colorado.

As remessas de etanol provenientes do Brasil mais do que dobraram em janeiro, passando a 337,4 milhões de litros em relação ao mesmo período do ano anterior, informou no último dia 1o. de fevereiro o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil.

Os EUA e o Brasil estão em negociações para aprofundar a coordenação de pesquisas sobre tecnologias para a produção de biocombustíveis e para ampliar a capacidade produtiva de combustíveis alternativos nos países em desenvolvimento, disse Manuel.

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