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Etanol pode aproximar o Brasil e os EUA

Barack Obama disse a Dilma Rousseff que espera uma recuperação da economia americana “mais lenta do que a vista até agora” e exibiu enorme interesse no petróleo e no etanol brasileiros, segundo relato do encontro entre os presidentes à Folha.

Os dois líderes, que conversaram por 90 minutos no Salão Oval segunda-feira, falaram animadamente sobre uma parceria em biocombustíveis a ser anunciada logo.

A ideia, segundo participantes do encontro e informações obtidas antes pela Folha no Departamento de Estado americano, é que Brasil e EUA produzam álcool juntos em outros países.

O plano aliviaria gargalos nos líderes do etanol: a limitação do númer o de usinas e a disputa de espaço com o açúcar no Brasil; e a produção de um álcool mais eficaz que o de milho pelos EUA.

Obama também foi incisivo ao dizer que quer vender maquinário para a produção no pré-sal, lamentando se tratar de reserva nacional.

Dilma o tranquilizou, informando que empresas americanas que produzem no país são “nacionais” e que há margem, nos três primeiros anos, para importar.

A conversa foi dominada pela crise. Dilma cobrou o colega pelo dólar barato e ouviu que o problema é a China. Ele, por sua vez, mostrou grande preocupação com a recuperação em seu país.

“O avanço no mercado de trabalho nos próximos meses deve ser como em março”, disse ele. Antes, vinham sendo abertas mais de 200 mil vagas ao mês, e a queda a 120 mil preocupa analistas.

Preocupa também Obama, que deixou claro que sua reeleição em novembro depende disso. “Gostaria que continuássemos trabalhando juntos”, respondeu a brasileira, ignorando o protocolo.

Os dois líderes abordaram política global e “concordaram em discordar” a respeito da Síria, segundo relatos.

Dilma disse que uma intervenção no país, em conflito civil, é arriscada e classificou a ação militar liderada pelos Estados Unidos na Líbia de malsucedida, por criar uma “enorme quantidade de grupos armados”.

Ela ressaltou o temor de um conflito na região -uma menção implícita ao Irã- inflar o preço do petróleo.

Para um dos presentes, os presidentes tiveram uma “ótima conversa”, mas “sem as personalidades clicarem”: focaram em trabalho, “sem nenhum comentário divertido”.

MICHELLE

De pessoal, ela apenas transmitiu lembranças à primeira-dama, Michelle, e às filhas do casal, a quem conheceu no Brasil em 2011.

Como é praxe, Dilma levou um mimo aos Obama: um quadro do artista plástico piauiense Francisco Galeno, com raízes na arte popular brasileira e referências africanas, retratando o casal.

Colaborou VERE NA FORNETTI, de Nova York

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