Mercado

Etanol ainda pressiona

Os preços do etanol deverão continuar pressionando a inflação e, com isso, abastecer o carro continuará sendo um dos fatores que mais pesam no bolso do brasileiro. Isso porque os usineiros cada vez mais optam pela produção de açúcar, em vez de etanol e, para piorar, a produção de cana-de-açúcar da safra 2011/2012 deverá registrar uma queda de 8,4% em relação à anterior, totalizando 571,4 milhões de toneladas, de acordo com dados divulgados ontem pelo Ministério da Agricultura.

“Essa queda vai acontecer principalmente porque os produtores retardaram a renovação do plantio em 2010 para aproveitar a forte alta dos preços, mas não esperavam que o clima deste ano não iria ser favorável. Com canaviais velhos, a produtividade também caiu”, explicou o secretário de Cana-de-Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Manoel Bertone.

Da colheita de cana, 50,3% serão destinados à produção de etanol, menos que os 53,9% utilizados na safra anterior, num total de 623,9 milhões de toneladas. A região Centro-Sul, que responde por quase 90% da produção nacional, destinou 242,2 milhões de toneladas para a produção de açúcar e 259 milhões de toneladas para etanol. “O produtor está escolhendo o que é melhor para ele e agora os preços do açúcar no mercado externo e interno estão elevados”, explicou o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Sílvio Porto.

O que é bom para o produtor é certamente ruim para o consumidor. Hoje, o preço do etanol corresponde, em média, a 70,6% das cotação da gasolina, segundo o Ministério da Agricultura. Isso significa que não compensa abastecer o carro com etanol na maioria dos estados brasileiros. Somente quando a diferença entre o preço dos dois combustíveis fica abaixo de 70% é que encher o tanque de álcool é algo rentável. Há mais de uma década, vinha ocorrendo o oposto, mas o quadro se inverteu em janeiro. Desde 2008, o açúcar acumula alta de 133% no mercado interno e 124,6% no externo. No mesmo período, o litro do álcool anidro (usado na mistura da gasolina) subiu 52% — mais do que o dobro da inflação acumulada, de 23,98%. O hidratado, por sua vez, subiu 60% nesses três anos.

Banner Revistas Mobile