Mercado

Energia deve cair 5% para consumidor

A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, contrariou a análise pessimista que o mercado fez do megaleilão de energia elétrica e disse que os preços atingidos não desestimulam investimentos no setor.

Para ela, a sinalização mais importante do pregão é que as cotações sobem progressivamente até 2007. Para os consumidores, acrescentou, as notícias são muito positivas: análise preliminar aponta redução média de 5% das contas de luz nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

Segundo a estimativa da ministra, o leilão de energia “nova”, a ser realizado provavelmente em abril, deverá apresentar preços superiores a R$ 90 por megawatt-hora (MWh), podendo chegar a patamar próximo de R$ 110.

Dilma informou que a oferta das geradoras no pregão foi de 17.718 MW médios – cerca de 32% do potencial de 55 mil MW. Ela disse ainda não ter uma avaliação de quanto dessa energia “sobrou” para 2008 e 2009, mas acredita que a eletricidade para entrega a partir desses anos terá preço maior que o obtido na terça-feira.

O que está claro, para a ministra, é o que ela chamou de “efeito escadinha”: o valor para a energia com entrega a partir do ano que vem ficou em R$ 57,51, subiu para R$ 67,33 para entrega em 2006 e R$ 75,46 em 2007.

“A tendência é que a curva de alta continue”, afirmou Dilma, confessando ter ficado surpreendida com o preço de R$ 57 para 2005 – ela achava que a cotação não desceria a tal patamar. “Mas o leilão não pode ser visto com o pessimismo que alguns estão enxergando. Os preços vão subir.”

Para a ministra, seria “extremamente preocupante” e “teríamos que acender a luz vermelha” se não fosse constatado o efeito escadinha. Mas é errado, segundo Dilma, vincular os preços baixos de agora com um eventual desinteresse dos investidores em ampliar a oferta e em participar do leilão de energia “nova”.

Um exemplo de que as duas coisas estão desvinculadas é a experiência dos investidores em linhas de transmissão, disse a ministra. De acordo com ela, a taxa de retorno desses investimentos chegou a ser negativa.

Nem por isso houve falta de interessados nos leilões recentes de transmissão, que ofereciam perspectivas bem melhores. “Mesmo que esteja chovendo canivete e o preço de energia no mercado spot estiver baixo, a cotação da energia nova será alta.”

Cálculos preliminares feitos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e anunciados por Dilma apontam que o preço da energia para os consumidores finais terá redução média de 5%, no próximo ano, em conseqüência dos novos contratos.

A redução entrará em vigor (sem levar em conta a reposição da inflação) gradualmente, de acordo com a data de aniversário dos contratos, quando costuma haver as revisões ordinárias de tarifa. Na região Nordeste, o efeito será zero, segundo Dilma.

A ministra afirmou que, no início do ano, começará a discutir com o setor a possibilidade de novos tipos de financiamento para usinas futuras. Além de conversas com o Banco Mundial, ela indicou que buscará reproduzir o modelo do Proinfa, com a atração de fundos de energia para investir em novos empreendimentos. “Sem financiamento, é impossível fazer investimento em infra-estrutura por 20 anos.”

Dilma não evitou respostas às afirmações do secretário estadual de Energia de São Paulo, Mauro Arce, para quem o leilão acentuou os problemas financeiros da Cesp. “Eu entendo perfeitamente o nervosismo dele, mas o nível de endividamento da Cesp não se resolve apenas pelo lado da tarifa”, rebateu a ministra.

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