Mercado

Empresários apoiam política de acordos multilaterais

A opção pela negociação de acordos multilaterais, adotada atualmente pela política de comércio exterior do Brasil, deve ser mantida, de acordo com empresários ouvidos durante o seminário “Novo Momento no Comércio Mundial”, promovido ontem pelo Valor, que contou com a presença do diretor-geral eleito da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo. As amarras que o Mercosul impõe ao Brasil na hora de negociar acordos comerciais bilaterais, contudo, foi criticada por alguns executivos.

Para Marcelo Odebrecht, presidente da Odebrecht, há uma expectativa de mudança na OMC sob a gestão de Azevêdo, que assume o posto em 1º de setembro. Para o empresário, não seria necessária a retomada da Rodada Doha especificamente, mas sim o retorno à negociação de um acordo multilateral. “O Brasil tomou, há muito tempo, a decisão de apoiar a multilateralidade, no lugar de fazer acordos bilaterais. A negociação de um novo acordo, portanto, é fundamental para uma inserção maior do país no mercado internacional.”

Paulo Feldman, professor da USP e diretor-geral da Câmara de Comércio Brasil-Israel, disse que o país não deve abandonar a política de multilateralismo como diretriz, apesar de o acordo de comércio entre Mercosul e Israel “não ter rendido o que poderia até agora”, e “haver pouco conhecimento entre empresários israelenses e brasileiros.”

Presente na comitiva do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que assinou o acordo entre Mercosul e Israel em 2007, Feldman disse que há espaços ainda não ocupados na relação comercial entre os dois países. Automóveis e aeronaves, setores em que o Brasil é forte, poderiam ser exportados.

A gestão de Azevêdo deve ser direcionada aos acordos multilaterais, na visão de Rubens Ometto, presidente da Cosan. Ele, porém, acredita que os acordos bilaterais poderiam ser uma opção para o Brasil. “Sou pragmático. Acho que o bilateralismo é mais fácil de negociar e há mais resultados.”

Ometto não quis destacar nenhum mercado específico com os quais o Brasil poderia reforçar ou iniciar negociação de acordos. Para ele, o Mercosul é um obstáculo para isso e seria necessária uma flexibilização no bloco para viabilizar o andamento das negociações bilaterais.

Qualquer medida que favoreça a implementação de acordos de livre comércio é incentivada pela multinacional alemã Bayer. Atualmente, a matriz está empenhada na confecção do acordo de livre comércio entre Estados Unidos e União Europeia, de acordo com o vice-presidente para assuntos corporativos da empresa, Christian Lohbauer. “É mais importante que haja passos rumos a acordos do que necessariamente a definição de uma política multilateral ou bilateral”, diz.

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