Mercado

É hora de definições no álcool, diz Rodrigues

Com a definição e o desenvolvimento do mercado interno de álcool praticamente concretizados, o Brasil passou os últimos anos em busca de uma aceitação desse combustível também pelo mercado externo.

O objetivo era tornar o álcool uma “commodity” de fácil aceitação e uso por outros países. A repentina opção dos norte-americanos por esse novo combustível está facilitando também esse objetivo.

Diante da consolidação do mercado interno e do avanço rápido do externo, o que o Brasil deve fazer agora? “Definir rumos.” Essa é a recomendação do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues.

O setor de álcool envolve oito ministérios no Brasil e é necessária a harmonização de medidas dos setores público e privado, com definições de itens importantes, como zoneamento, estocagem e logística.

O ex-ministro destaca, ainda, a necessidade de o país ser rápido no investimento em tecnologia. Para solucionar a falta de verbas do setor público, ele diz que é necessária a participação do setor privado, que teria direitos sobre o resultado das pesquisas.

O país pode adotar novas variedades de cana com rendimento até 50% a mais do que o atual, mas, para isso, é preciso investimentos contínuos, afirma Rodrigues, que é também coordenador do GV Agro (Centro de Agronegócio da FGV) e membro da CIE (Comissão Interamericana de Etanol).

Na avaliação de Rodrigues, o país ainda tem muito a crescer na extração de álcool, que pode vir também do bagaço da cana e até da folha do produto. Mas, para isso, “é preciso reagir”.

Tarifas

Outra preocupação do ex-ministro é com a formação de profissionais especializados para o setor, que cresce a passos largos.

Para suprir essa deficiência, a FGV, a Esalq/USP e a Embrapa lançam, no próximo ano, um curso de mestrado para a formação de profissionais especializados na área.

Sobre a manutenção da tarifa norte-americana de US$ 0,54 por galão (3,78 litros) para o produto brasileiro, Rodrigues diz que, “por ora, isso não tem importância”. A taxa deve ser revista em dois anos e antes de três a quatro anos o Brasil não terá excedente.

De qualquer maneira, o governo dos Estados Unidos poderia ter dado um “sinal político”, reduzindo em 30% por ano o valor da taxa. Na avaliação do ex-ministro, a redução teria pouco efeito prático, mas seria um sinal.

Além disso, “nosso negócio não é só vender etanol, mas usinas, carros, tecnologia etc.”, acrescenta Rodrigues.

A agroenergia se tornou tão importante que deve mudar a geoagricultura do mundo. Por isso, o ex-ministro diz que as discussões sobre agroenergia podem ser um novo fator de adiamento do debate agrícola na OMC (Organização Mundial do Comércio).

Mas esse setor pode ser, também, um motivo de reinício das negociações, devido à importância e à abrangência do tema, diz Rodrigues. (MZ)

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