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Dívida de R$ 52 bi das usinas ainda vai piorar, diz Itaú BBA

O endividamento das usinas processadoras de cana-de-açúcar – R$ 52 bilhões, após alta de quase 25% ante os R$ 42 bilhões do final da safra 2011/2012, no centro-sul – vai atingir “o fundo do poço” em 2014, ficando cerca de 10% maior, segundo o Itaú BBA.

O fim da safra 2012/2013, em 31 de março, deve marcar o período mais crítico do segmento, em relação aos débitos, ao refletir alta de custos, com investimentos em mecanização e renovação dos canaviais, e menores preços do açúcar e etanol.

“Ainda que só custeiem as operações e não invistam em expansão, as usinas dificilmente conseguirão reduzir suas dívidas de forma expressiva”, afirma o diretor-comercial para açúcar e etanol do banco de investimentos, Alexandre Enrico Figliolino.

O especialista prevê, contudo, diminuição do débito proporcional à moagem. Por ora, esta relação é de R$ 105,5, considerando o processamento de 492 milhões toneladas de cana previsto para a Região Centro-Sul.

Com o aumento da dívida para algo em torno R$ 57 bilhões, e a previsão de moer 570 milhões toneladas na safra de 2013 e 2014, a proporção cai para R$ 100. “O investimento em renovação vai dar frutos, e parece que as condições climáticas serão favoráveis, no ano que vem. Então, não será difícil chegar a 570 milhões de toneladas”, diz Figliolino.

O executivo considera “bem estruturada” e “saudável” a dívida do mercado sucroalcooleiro, pois esta apresentaria “prazos alongados e custos razoáveis”. Para quitá-la, no entanto, a indústria depende da criação de um marco regulatório para o setor, no Brasil, e de cotações internacionais em alta, segundo o especialista.

Mas o açúcar e etanol só fizeram perder preço neste ano. O fechamento da Bolsa de Nova York na última quinta-feira – saca de 50 quilos de açúcar cristal a US$ 49,7 -, por exemplo, foi considerado o mais baixo desde a sessão de 10 de agosto de 2010. “No final do ano que vem, quem sabe, pode haver uma recuperação de preços”, espera Figliolino.

Enquanto a alta não vem, usinas cortam custos, buscando “ligeira recuperação”, enquanto outras quebram. Vale lembrar que, desde 2008, mais de 40 unidades fecharam as portas, de acordo com a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica).

“O endividamento é recorde. Mas, também, o setor nunca esteve tão grande, capitalizado”, pondera o diretor do Itaú BBA.

Produção, vendas, qualidade

O volume de cana processado pelas unidades produtoras da Região Centro-Sul do Brasil totalizou 36,21 milhões de toneladas na segunda metade de outubro, com alta de 56,54% ante à mesma quinzena de 2011 (23,13 milhões de toneladas).

No acumulado da safra, a moagem somou 455,56 milhões de toneladas, frente às 460,16 milhões de toneladas registradas em igual período do ano anterior.

O presidente interino da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, observa que “o déficit na quantidade de cana processada na safra atual, comparativamente à passada, vem se reduzindo. E, nesta quinzena, caiu para apenas 4,60 milhões de toneladas”.

A Unica ratifica, portanto, a estimativa que aponta para 518,50 milhões de toneladas de cana processada na safra atual.

As vendas de etanol pelas unidades produtoras da Região Centro-Sul somaram 2,16 bilhões de litros em outubro, 21,25% acima do volume registrado no mesmo período de 2011. Do total, 17,70% (383,1 milhões de litros) destinaram-se às exportações.

Do montante direcionado ao abastecimento doméstico (1,78 bilhão), 666,05 milhões de litros são de etanol anidro – volume 19,53% superior ao observado em outubro de 2011. As vendas de etanol hidratado seguiram a mesma tendência de crescimento e totalizaram 1,12 bilhão de litros, frente aos 987,14 milhões de litros observados no mesmo período do ano passado.

No acumulado de abril até 31 de outubro, as vendas de etanol pelas unidades produtoras da Região Centro-Sul somaram 12,83 bilhões de litros, ante 12,90 bilhões de litros no mesmo período de 2011. Do volume total de etanol comercializado desde o início da safra até o final de outubro, 10,68 bilhões de litros foram direcionados ao mercado interno e 2,15 bilhões às exportações.

A quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana-de-açúcar atingiu 144,64 kg na segunda quinzena de outubro, alta de 4,56% em relação aos 138,34 kg observados na mesma quinzena de 2011. O valor da tonelada da cana, calculado pelo Consecana, através do ATR, está em R$ 61,23.

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