Mercado

Discurso de Renan em defesa do etanol repercute entre produtores

O pronunciamento do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) em defesa de uma política sólida de longo prazo para o etanol ganhou repercussão no setor sucroalcooleiro do Nordeste. “A iniciativa do senador vai ao encontro das nossas necessidades em de todo o país, especialmente no Nordeste”, avaliou o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool nos Estados de Alagoas e Sergipe (Sindaçúcar-AL), Pedro Robério Nogueira.

No plenário do Senado, na tarde desta segunda-feira (25), Renan comparou a atual crise do álcool combustível no Brasil à que ocorreu na década de 80 e início dos anos 90. Os dois momentos, segundo ele, foram precedidos de períodos de euforia. “O Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool) foi uma resposta à crise do petróleo em 1975”, lembrou o senador.

No Nordeste, de acordo com Pedro Robério, o setor sucroalcooleiro responde por mais de 200 mil empregos diretos. Mas apesar da sua importância para a economia regional, a atividade sofre ameaças, não só por questões de mercado, como também pela forte seca que atinge a zona da mata canavieira de Alagoas e dos demais estados da região. Por essa razão, ele defende a necessidade urgente de uma atenção especial do governo para esse momento difícil por que passa a cultura da cana.

O presidente da Associação dos Plantadores de Cana-de-açúcar de Alagoas e diretor secretário da Federação Nacional dos Plantadores de Cana, Lourenço Lopes, vê na ação de Renan a grande esperança do setor sucroalcooleiro para sair da crise que enfrenta. “O senador tem sido o maior aliado do fornecedor de cana do Nordeste. Foi o Renan quem conseguiu liberar a subvenção da cana para mais de 23 mil produtores nos últimos anos”, lembrou.

A subvenção, paga a pequenos produtores de cana, na ração de R$ 5 por tonelada produzida, segundo Lourenço, fez circular, somente no ano passado, mais de R$ 30 milhões na economia alagoana.

“Apesar disso, o produtor nordestino continua enfrentando dificuldades, em função da crise que atinge o setor sucroalcooleiro: o pagamento da cana é feito em função do preço de mercado do etanol. Então, na medida em que o preço melhora para a usina, vai melhorar também para o fornecedor. Essa iniciativa do senador é fundamental para manter o homem no campo. É importante que o governo ouça o senador, porque de fato precisamos de uma política que incentive a produção de etanol”, enfatiza Lopes.

Alagoas, o Estado que mais sofre

O senador Renan Calheiros, presidente do Senado, no pronunciamento em plenário enfatizou bem o impacto da falta de uma política para o etanol em Alagoas, Estado que continua dependente da agroindústria sucroalcooleira. Lembrou que em 54 dos 102 municípios alagoanos predomina os canaviais das 24 usinas de álcool, que são a base da economia estadual.

“Numa realidade como esta, é lógico que as consequências sociais da crise no setor sucroalcooleiro se abatem com muito mais brutalidade sobre a população alagoana do que em outros estados com a economia mais diversificada”, disse o senador. Lembrou ainda que, “neste momento, é preciso acrescentar a circunstância atual da seca que castiga Alagoas e todo o Nordeste, a mais longa e severa dos últimos 40 ou 50 anos”.

O senador enfatizou ainda o pioneirismo de Alagoas na construção de uma indústria de etanol de segunda geração e que as longas extensões de terras férteis brasileiras favorecem a produção de cana-de-açúcar sem derrubar florestas, além de permitir a produção de energia a partir do bagaço da cana.

Em sua defesa de uma política nesse setor, Renan citou o exemplo dos Estados Unidos, que após adotar uma política de substituição da gasolina pelo etanol, viu a produção do setor saltar de 24 bilhões, em 2007, para 52 bilhões de litros de etanol de milho em 2011, enquanto a produção no Brasil patina nos 22 bilhões de litros do etanol da cana.

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